terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Reforma Agrária e o agrônomo-educador

Dissemos, na primeira parte deste capítulo, que o trabalho do agrônomo educador não pode limitar-se, apenas, à esfera da substituição dos procedimentos empírico dos camponeses por suas técnicas. Duas razões básicas nos levam a esta afirmação. Uma porque é impossível a mudança do procedimento técnico sem repercussão em outras dimensões da existência dos homens; outra, pela inviabilidade de uma educação neutra, qualquer que seja o seu campo.

Na segunda parte deste capítulo, interessa-nos analisar o papel que deve cumprir o agrônomo, sem nenhuma dicotomia entre o técnico e o cultural, no processo da reforma agrária.

O agrônomo não pode, em termos concretos, reduzir o seu quefazer a esta neutralidade inexistente: a do técnico que estivesse isolado do universo mais amplo em que se encontra como homem.

Assim é que, desde o momento em que passa a participar do sistema de relações homem-natureza, seu trabalho assume este aspecto amplo em que a capacitação técnica dos camponeses se encontra solidária com outras dimensões que vão mais além da técnica mesma.

Esta indeclinável responsabilidade do agrônomo, que o situa como um verdadeiro educador, faz com que ele seja um (entre outros) dos agentes de mudança.

Daí que sua participação no sistema de relações camponeses-natureza-cultura não possa ser reduzida a um ‘estar diante’, ou a um ‘estar sobre’, ou a um ‘estar para’ os camponeses, pois que deve ser um ‘estar com eles’, como sujeitos da mudança também.

Esta responsabilidade não é exclusiva do agrônomo-educador nem dos educadores em geral, mas sim de todos quantos, de uma ou de outra maneira, estão dando sua contribuição ao esforço da reforma agrária.

Trecho do clássico livro “Extensão ou Comunicação” de Paulo Freire, disponível em
http://www.bonato.kit.net/Extensao_ou_Comunicacao.pdf e na barra lateral do blog.
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

Unknown disse...

Com todo o acúmulo de movimento de agricultura alternativa, de ter participado da FEAB... encampado greves e até acreditado no MST (digo "acreditado" porque na ápoca era questão de fé) e hoje estando no INCRA sem sequer fazer o básico dada a inércia deste enorme paquiderme moco só de ver a capa desse livro me entristeço de me lembrar que ainda sou agrônomo.

Anônimo disse...

verdinho, tá revoltado? morde a parede!

Anônimo disse...

Eu tenho outra sugestão: mate um madeireiro. A amazônia agradece...

Arnaldo José disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arnaldo José disse...

José disse...

Após a leitura deste livro, tive noção do pq chamam uns de batateiros e outros de agrônomos. Se vc, Carlos, for agronomo fique satisfeito, pois muitos batateiros a nível nacional ainda acham q ascenção social é mais importante q justiça social ! A vida é isso, o turbulhão é isso...