Mas para o Ministério de Minas e Energia e para o governo federal, aquele rio é parte da aceleração do crescimento econômico do país. Já para as empresas de mineração e as empreiteiras, o rio não vale pela beleza, nem por seus moradores e sim pelos lucros que irá gerar tanto a umas quanto às outras.
Neste conflito de interesses tão contrários, o Ministro do Meio Ambiente é apenas o bobo da corte. Contra a lógica da vida, o tal ministro liberou ontem a licença prévia para o leilão entre asempreiteiras que vão disputar o direito de construir a usina BeloMonte. O bobo da corte tenta iludir os desinformados, dizendo que alicença prévia só foi liberada mediante 40 condicionantes exigidas para serem cumpridas por quem ganhar o leilão da construção. Tudo farsa, tragicomédia para iludir os que desconhecem os interesses das construtoras, que não respeitarão as regras do jogo.´
O ministro do meio ambiente se submete ao ministro das minas e energia, que se submete aos interesses das mineradoras e dasempreiteiras. Alguns técnicos mais honestos do IBAMA declaram que alicença prévia está falsa porque não respondeu a todas asinvestigações sobre os impactos sócio, ambientais requeridos. E o Presidente da República, autoridade maior da nação, não tem poder sobre esse negócio das hidroelétricas. Chegou a enganar o bispo do Xingu que foi a ele no ano passado, pedindo que escutasse os povos da região. Na ocasião o presidente garantiu ao bispo que não enfiaria goela abaixo a construção da usina se entendesse que prejuízos serão irreversíveis. Promessa ignorada, pois o presidente não decide nada em questão de minas e energia no país, apenas sanciona o que outros decidem.
Só se espera agora que os indígenas reajam e a sociedade organiza da do Xingu e do Pará reaja. Caso os indígenas cumpram sua palavra escrita ao Presidente da República, vai se manchar de sangue o rio Xingu. Ocusto da desgraça está calculado pela Eletronorte, em 30 bilhões de reais, maior parte desse recurso será lucro da empreiteira que ganharo leilão da construção.
O que ocorre hoje no rio Xingu é um alerta para os povos da bacia dorio Tapajós. Pois, o mesmo governo planeja cinco hidroelétricas nos rios Tapajós e Jamanxin. O governo quer obras, aceleração docrescimento econômico a qualquer custo, as grandes empresas de mineração querem energia limpa, intensiva e barata. E o povo que se dane e a natureza que seja destruída e o meio ambiente que se torne apenas discursos para inglês ver. Até quando?...
*Padre diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 02 de fevereiro de 2010.