segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Governo Evo Morales age com violência contra marcha indígena TIPNIS


Pelo menos quinhentos policiais fortemente armados interromperam na tarde deste domingo, 25 de setembro, a marcha em defesa do Território Indígena Parque Nacional Iseboro Sécure (TIPNIS) que se encontrava no momento do ataque numa acampamento numa área rural de San Lorenzo, no departamento de Beni. A violenta intervenção contou com tiros de bala de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e uso de cacetetes e escudos.


O ataque policial deixou muitos feridos. Há dezenas de desaparecidos, a maioria crianças que tentaram atravessar um rio próximo para fugir dos ataques. Há a informação de que um bebê de três meses teria morrido.

"Hay varias personas heridas porque en el campamento habían mujeres y niños que estaban todavía recién comiendo, nos sorprendieron los policías, ellos ingresaron y pasaron por encima de la gente sin respetar a nadie", disse uma indígena a um veículo de imprensa local. 



Uma grande quantidade de participantes da marcha foi presa, inclusive os principais dirigentes. Entre 450 a 650 pessoas foram levadas em veículos do governo para San Borja.  Imagens de televisões locais mostram lideranças, inclusive mulheres, sendo espancadas e amarradas por policiais e sendo levadas à força para carros. O presidente  da marcha dos TIPNIS, aprece em uma das imagens sento atacado com chutes e socos e depois de amarrado com cordas, conduzido por policiais.  

Teriam sido recolhidas algumas câmaras e máquinas fotográficas de parte da imprensa que se encontrava no local. Repórteres teriam sido impedidos também de entrar no local da ação.

Um pouco antes do ataque, o presidente Evo Morales anunciou uma reunião no palácio do governo com um grupo de 20 indígenas. Foi anunciado que seria realizado um referendo nas duas regiões por onde a estrada deverá passar. “Vamos a consultar a los departamentos (Cochabamba y Beni) mediante referendum. Si ellos (los habitantes) dicen sí, hay que hacer un estudio por dónde va a se ese camino”, manifestou.

O protesto
A marcha dos indígenas teve início como protesto contra a construção de uma grande estrada que se construída, atravessará o Território Indígena Parque Nacional Iseboro Sécure (TIPNIS). A estrada está sendo construída com empréstimos do banco brasileiro BNDES, no valor de 332 milhões de dólares.

Indígenas bolivianos chegaram a enviar, em meados de agosto, uma carta à presidente brasileira, Dilma Rousseff, informando sobre os danos ambientais que a estrada de 300 km provocará ao cruzar o parque ecológico. Mesmo assim, em recente visita a Bolívia, o representante do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, confirmou a continuidade da obra que tocada pela empreiteira OAS Ltda. Marco Aurelio Garcia declarou na ocasião da visita  que o crédito está sujeito a cláusulas, como o cuidado com o meio ambiente e o respeito aos critérios dos povos indígenas que, em sua opinião, a Bolívia está cumprindo.

Continuidade da marcha e protestos contra o governo Molares
O ex-vice-ministro de Terras, Alejandro Almaraz, que se encontrava na marcha e se refugiou num monte próximo disse que a imprensa local que a marcha vai continuar até La Paz, mas que agora seguirá “por dentro da selva”.

Rafale Quispe, do Consejo Nacional de Ayllus y Markas del Qullasusyu (CONAMAQ), pediu do mesmo lugar que se instale uma vigília em La Paz, em apoio ao TIPNIS e uma greve de fome.

Na noite de domingo, dezenas de pessoas se concentraram em frente a uma igreja em protesto contra o ataque, próximo à sede do governo.  Dirigentes de algumas entidades sindicais e movimentos sociais prometem atos de apoio aos indígenas nos próximos dias. Há grande pressão para que a COB (Central Obrera Boliviana) convoque uma reunião nacional de emergência e uma greve geral. A maior parte da direção da central boliviana apóia o governo Morales. Já há protestos em Santa Cruz.

*Com informações de agências de notícias locais. Atualizado em 26 de setembro de 2011, as 13h. 

Vejam as imagens do ataque:

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