sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Índios Caiapós tomam a BR-163


Revoltados com as promessas não cumpridas pelo ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, demitido pela presidente Dilma Rousseff por suspeitas de irregularidades no órgão, os índios caiapós decidiram radicalizar um protesto que começou na segunda-feira com a apreensão de caminhões e máquinas que trabalham na pavimentação de vários trechos da BR-163 (Santarém-Cuiabá).  Ontem, os índios resolveram atear fogo em trechos da ponte localizada sobre o rio Disparada, próximo da cidade de Novo Progresso.

Os índios afirmam que só deixarão a estrada quando autoridades federais forem à região para tratar das promessas feitas por Pagot, que antes de cair esteve com os índios garantindo que, além de melhorias nos acessos às estradas que levam às aldeias Baú e Mekranotire, os caiapós receberiam benefícios nas área de saúde.  Nada disso foi feito até agora.  “Se o homem branco não tem memória e esquece facilmente as promessas que ouve das autoridades, os índios têm a memória muito boa para cobrar as coisas que são ditas e prometidas”, disse o índio João Mekranotire.

A prefeita de Novo Progresso, Madalena Hoffmann, esteve reunida com a diretoria-geral do Dnit em busca de uma solução para o problema.  Pagot disse para os índios que os ramais de acesso à área Mekranotire receberiam cuidados do órgão, que também concluiria os ramais até a aldeia Baú.  A estrada vicinal que leva à aldeia está em péssimas condições.  Ela começa às margens do rio Curuá e desemboca na BR-163, próximo ao distrito de Alvorada da Amazônia.

Para os caiapós, a presença do diretor da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, e do secretário de saúde indígena, Antonio Alves, para tratar de questões ligadas à saúde dos índios, evitaria tantos transtornos.  Hoje, para buscar atendimento médico, os caiapós precisam se deslocar até Itaituba, num percurso de mais de 400 quilômetros.  O problema também atinge os índios das aldeias Pukanu, Baú Pungraity e Kawatum.

Na segunda-feira, centenas de caiapós, armados com flechas, espingardas e revólveres atacaram os operadores de máquina, tomando as chaves dos veículos das mãos dos homens que trabalhavam no asfaltamento da rodovia, paralisando totalmente a obra.  Eles enviaram uma carta à direção do Dnit reivindicando construção da casa da saúde, casa do artesanato, casa cultural e a compra de dois veículos.  E avisaram: se nada for feito, começarão a incendiar as máquinas. 

Fonte: Diário do Pará 
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