da Agência Folha, em Campo Grande
Quatro trabalhadoras rurais ligadas à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) prestaram queixa contra um funcionário do Incra por assédio sexual em acampamentos de Mato Grosso do Sul.
Acompanhadas de um advogado da entidade, elas foram à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e formalizaram a reclamação contra o servidor Ramon Echeverria.
Uma das mulheres disse que o servidor tentou "agarrá-la". Outra relatou que ele teria repassado às suas filhas, de 10 e 12 anos, fotos em que aparecia em trajes de banho.
Segundo as acampadas, o servidor fazia convites para noitadas, comentários maliciosos e, sempre que repreendido, insinuava que poderia "cortar" as famílias do cadastro de beneficiários do Incra.
Os episódios de assédio teriam ocorrido nos acampamentos Estrela (entre Campo Grande e Araguari) e Sucesso (em Nova Alvorada do Sul). Ambos estão erguidos em áreas já adquiridas pelo Incra e em processo de demarcação para futuros assentamentos.
De acordo com o advogado da Fetagri, João Gonçalves, o servidor se valia dessa indefinição para mostrar poder sobre os acampados.
Na Delegacia da Mulher, duas das quatro trabalhadoras que foram prestar queixa acabaram sendo ouvidas apenas como testemunhas. De acordo com o relato das outras duas, foram abertas queixas por "importunação ofensiva ao pudor", contravenção cuja pena prevista é apenas multa.
A assessoria da Polícia Civil disse, no entanto, que o inquérito a ser aberto vai verificar se o servidor utilizou de sua função pública, o que poderá ser uma agravante.
A superintendência do Incra no Estado disse que só irá se pronunciar após uma notificação oficial. E informou que o servidor citado pelas trabalhadoras rurais estaria em campo, sem possibilidade de comunicação por celular. A Folha não conseguiu localizar o advogado do servidor.
Fonte: Folha Online