terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Conflitos agrários aumentam no Oeste do Pará; grileiros não temem a justiça

Por Edilberto Sena*

Três lavradores tombaram mortos na região de Juruti, em 2 meses. Em Anapu, terra que bebeu o sangue da assassinada irmã Dorothy, conflitos entre madeireiros e lavradores quase chegam a morte de alguns. Tensões e conflitos rondam o assentamento fundiário do Pacoval, no Planalto Santareno; no rio Maró, extensão do rio Arapiuns e no rio Uruará, município de Prainha, recentemente houve conflitos armados entre moradores ribeirinhos e madeireiros.

Sobre os três  mortos na gleba Mamuru, município de Juruti, moradores locais acusam possíveis assassinos, mas a polícia não os localiza, apesar de ter uma equipe de investigadores profissionais. Em Anapu, foi preciso a Comissão Pastoral da Terra organizar a resistência para que as autoridades tomassem providência de fazer justiça, mas não prenderam nenhum dos criminosos. 

Lavradores e moradores de toda a região clamam por justiça, alertam autoridades e querem a paz. Mas os grileiros e madeireiros estão ensandecidos, agressivos em busca de lucro fácil. Não se sentem ameaçados, nem pelo IBAMA , nem INCRA, nem Ouvidoria  Agrária, nem Polícia, nem Justiça. Eles já sabem que dificilmente irão presos ou justiçados. No caso da irmã Dorothy, era um consórcio de criminosos envolvidos, apenas 3 foram condenados depois de muita pressão social.

No caso  dos 3 assassinados na gleba Mamuru em Juruti, ninguém foi ao menos localizado pela polícia. Para os pequenos, a justiça é cega, a polícia é inoperante e punidos são os que tombam mortos, porque não retornam mais. Até que a paciência dos pequenos chegue ao limite  e uma nova Cabanagem patriota estoure no Oeste do Pará. Foi assim em 1835  em Cuipiranga, Pinhel e Santarém, quando a indignação popular se organizou e fez a Revolução Cabana.

Quando começarem a ser eliminados os grileiros, os mandantes de crimes contra lavradores , aí a justiça e a polícia agirão com rapidez. Os primeiros cabanos patriotas reagiram finalmente e mudaram o panorama da humilhação 176 anos atrás. O que esperam a polícia, os órgãos públicos e a justiça? Uma nova Cabanagem de patriotas? Ela pode chegar pois, toda paciência tem limites.  

*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 15 de fevereiro de 2011.
             
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