Por Edilberto Sena*
Caíram ditaduras no Egito, na Tunísia, está caindo a ditadura na Líbia e estão para cair em outros países, onde tiranos já por tantos anos humilharam seus povos. Eles se enriqueceram a custa da pobreza de tantos cidadãos submissos. Prenderam e mataram dissidentes, mas estão caindo todos, porque toda servidão tem limites.
Quando será que vai cair a ditadura brasileira, disfarçada de democracia representativa? Neste país tropical, abençoado por Deus e amaldiçoado por seus políticos e autoridades oportunistas e injustos, a imoralidade pública, o enriquecimento com patrimônio do povo já chegam ao limite do cinismo irresponsável.
Uma ilustração disto são as leis criadas em benefício do corporativismo. Para o povo pobre criam-se regras humilhantes, como a do salário mínimo atual. A Presidenta da República, para evitar um aumento de 15 reais ao salário mínimo, utilizou o chicote de domadora aos deputados e senadores e também às centrais sindicais. Ou era o que ela e sua equipe já haviam decidido, ou seriam punidos os dissidentes.
A confirmação do uso do chicote ficou ilustrado com o paladino senador Paulo Pain, tradicional defensor dos direitos dos trabalhadores. Um dia antes, indicou sua coerência com sua luta em defesa dos trabalhadores, propunha um aumento de 30 reais ao salário mínimo. Mas no dia seguinte, depois de uma conversa aos pés da presidenta, ele se humilhou e justificou seu voto pelo salário mínimo de 545 reais.
Tudo igual como na Líbia, Egito e Tunísia de uns anos atrás. Dias antes os mesmos deputados federais já haviam agraciado a presidenta com aumento salarial dela e deles em 60 %, hoje em torno de 24 mil reais, além de outras rendas.
O cinismo federal chegou ao Pará, parou, bebeu açaí e... também os deputados daqui aumentaram os salários do governador e seu vice (que não reclamaram nada se iria abalar os cofres do Estado). Naturalmente que seus próprios salários já estavam aumentados para R$ 20.000,00 cada um.
Enquanto isso, os salários dos professores do Estado do Pará, de ensino médio não chegam a 3 salários mínimos normalmente. As escolas decadentes de Santarém, como Olindo Neves, Guadalupe e outras, que a ex-governadora iniciou em período de campanha eleitoral, em regime de urgência, ainda não estão concluídas, porque o governo alega falta de recurso.
A falta de moralidade pública chega a tão alto grau no país e no Pará, que agora cinicamente mais uma vez, o Congresso Nacional trabalha uma reforma política para ajustar seus interesses, quando se esperava uma constituinte ad hoc exclusivamente para fazer uma mudança geral das atuais regras políticas.
Só falta agora, para completar a tragicomédia, que as câmaras de Vereadores dos municípios paraenses também aumentem seus salários, pelo efeito dominó. Afinal, se João grande faz, o João pequeno acha natural imitar. Acontece que lá no Egito e na Líbia a paciência do povo já esgotou. Quando vai estourar aqui neste país cordial? Os professores do município de Santarém já estão dando sinal. Toda ditadura tem seus dias contados, podem tardar mas chegam.
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 25 de fevereiro de 2010.
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