No sexto aniversário de seu assassinato, caravanas de várias partes do estado do Pará estiveram presentes para conhecer de perto o legado de sua luta em defesa da reforma agrária e da floresta amazônica.
A analogia entre Dorothy e uma semente vem desde seu brutal assassinato em 2005 no interior do lote 55, área que somente após a sua morte foi incorporada ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Fala-se que seu corpo foi plantado no chão e dele germinou a luta em curso em Anapu em defesa dos assentamentos contra madeireiras protegidas por uma rede de políticos, alguns deles aliados de Dorothy no passado.
A paróquia de Santa Luzia esteve lotada. O local se diferencia das tradicionais igrejas já a partir do altar, onde Jesus é representado por um camponês crucificado em uma árvore serrada. Ao redor dele, Dorothy; o Padre Josimo Tavares, assassinado em 1986, em Imperatriz, no Maranhão, por latifundiários daquela região; e camponeses e indígenas sendo expulsos da floresta em chamas.
Este tom místico esteve presente em toda a cerimônia religiosa que abriu a programação de atividades. A cerimônia, presidida pelo bispo da Prelazia do Xingu, D. Erwin Krautler, também teve seu lado crítico.
O bispo leu trecho da última entrevista de Dorothy aos meios de comunicação onde relatava as ameaças sofridas por agricultores e religiosos de Anapu, a grilagem de terras e a extração ilegal de madeira. “E o que mudou de lá pra cá?”, indagou o bispo para logo em seguida responder: “Sabemos que muitos dos que andavam conosco quando irmã Dorothy estava viva, hoje não andam mais. Hoje estão do outro lado, contra Dorothy”.
A cerimônia contou ainda com vários atos religiosos teve também tons proféticos.
Para Acácio Melo, da CSP-Conlutas, várias passagens da missa, especialmente os cânticos faziam menção a uma sociedade justa, igualitária e fraterna, ideais próximos ao socialismo.
Ao final da cerimônia, muitos foram conhecer a casa de madeira onde Dorothy morava, que fica ao lado da igreja.