quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Plano para proteger a Amazônia exalta o agronegócio, afirma professor

Danilo Augusto.

Reduzir em 72% o desmatamento na Amazônia até 2017 é um dos objetivos do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, divulgado, nesta segunda-feira (01), pelo governo brasileiro. Em números, isso significa que até 2017 o país reduzirá o desmatamento em até cinco mil quilômetros quadrados. No Brasil, os desmatamentos e queimadas são responsáveis pela liberação de aproximadamente 75% dos gases causadores do efeito estufa.

O professor de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo Umbelino, afirma que o Plano tem alguns pontos positivos, como a preocupação de diminuir a emissão de gases que prejudicam a camada de ozônio. Mesmo assim, segundo ele, o Plano dá importância ao agronegócio, tendo em vista que o governo não está preocupado em mudar uma das principais causas do desmatamento.

“O próprio Plano exalta o papel do agronegócio. O governo está consciente que o agronegócio vai continuar pressionando a floresta. O país já fez a opção do agronegócio. O controle do desmatamento é apenas um aspecto desse plano. O país quer fazer a proteção ambiental, mas não está mexendo na matriz econômica que é a geradora do desequilíbrio ambiental”. O professor ainda defende a afirmação mostrando em quais números o governo pretende chegar investindo no agronegócio.

“Estão levando em conta o aumento da demanda nacional de etanol. De 20 bilhões de litros produzidos em 2008, para 52 bilhões de litros em 2017. Isso significa que o número de hectares de cana plantado, que hoje é de nove milhões, em 2017 será de aproximadamente 24 e 25 milhões. Essa cana com certeza será plantada na área de pecuária, vai fazer com que a pecuária entre na área da floresta, fato que vai pressionar o desmatamento”.

Fonte: Radioagência NP
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