segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Divisão do Incra é inevitável, diz jornal.

Na coluna “Notas e informações” do jornal “O Estado de São Paulo” de hoje (08/12) há um verdadeiro editorial com o título Regularização fundiária. Seguindo a tradicional linha conservadora deste jornal, uma verdadeira defesa da divisão do Incra é feita, com base no “aparelhamento” do órgão pelo PT:

“Diz o simples bom senso - com base em princípio elementar da racionalidade administrativa - que, se um órgão público não está funcionando a contento, o certo é adotar providências saneadoras para fazê-lo funcionar, e não criar outro para exercer suas funções e mantê-lo em estado de sobrevida vegetativa - já que isso implicaria desperdício ostensivo de dinheiro público. Era de supor que um órgão que já tem em sua denominação a função de “colonização” - discutível que seja a permanência atual do sentido histórico do termo - e de “reforma agrária” tivesse, como principal acervo, conhecimentos técnicos de natureza fundiária. E esta é uma área de complexidade compatível com a multiplicidade de conflitos envolvendo posses, terras devolutas, indígenas, conflitos judiciais, produtividade rural, situação dos trabalhadores do campo, questões ambientais e mais um sem-número de problemas de relevante interesse social. Mas o Incra enveredou pelo viés político-ideológico.”

Recheado com (meias) informações produzidas pela Secretaria de Assuntos Estratégicas do ministro Mangabeira Unger, o editorial dar como certa a criação da Aerfa (Agência Executiva de Regularização Fundiária da Amazônia), vinculada diretamente à Presidência da República.

Que o Incra foi aparelhado pelo PT tudo mundo sabe. Que o Incra está afundado, também não é novidade? Que a Reforma Agrária parou, também.

Mas, não há qualquer aprofundamento disto tudo no artigo, que parece mais uma peça publicitária do que jornalismo. Aliás, um trecho da peça merece reflexão: “Resta esperar que a Aerfa não venha a significar mais um espaço “aparelhável” da administração pública federal.” Ficaram devendo como isto vai acontecer.

Leia ainda: Mangabeira: Lula avalia criação de órgão para Amazônia
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