sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Entidades repudiam afastamento de Daniel Cohenca da Gerência do Ibama em Santarém

"Carta aberta de desagravo e repúdio pela exoneração sumária do gerente do IBAMA em Santarém

Frente em defesa da Amazônia – dezembro de 2008


No contexto político e econômico que vivemos nenhuma investida do Estado será para atender os interesses do povo brasileiro. Muito pelo contrário, as investidas sempre serão usadas para impedir qualquer avanço dos movimentos populares organizados.

A afirmação parece dura, mas a realidade é essa. As relações fisiológicas entre os que detêm o poder econômico em nosso país, e a grande maioria daqueles que ocupam cargos públicos na estrutura do Estado justificam todas as tomadas de decisão para a Amazônia.

No último dia 27 de novembro, aconteceu em Santarém um desses exemplos, de como se atende os interesses de grupos econômicos em detrimento aos interesses do povo. A demissão sumária do então gerente do IBAMA em Santarém, Daniel Cohenca, contrariou os movimentos populares da região comprometidos com a defesa do meio ambiente e das culturas do povo da Amazônia. Não que o Senhor Daniel estivesse resolvendo todas as demandas existentes, mas porque durante o período que ocupou o cargo de gerente procurou atuar dentro de preceitos éticos e legais que o cargo exige. Enquanto ocupou a gerencia permitiu aos movimentos sociais a oportunidade de realização de trabalhos em conjunto e o acesso a Instituição. Sempre mantendo abertura com organizações da sociedade.

Certamente, esta postura tenha sido o principal motivador das várias tentativas de tirá-lo do cargo. Seu empenho em realizar algumas fiscalizações demandadas por denúncias de populações tradicionais levou a grandes apreensões de madeiras que estavam sendo roubada de nossas florestas. É notória a intervenção de políticos intermediando madeireiros junto ao IBAMA para que não houvesse fiscalizações em determinadas madeireiras, pois isto atrapalhava certas campanhas eleitorais. Durante o período eleitoral de 2008, o governo do Estado chegou até mesmo a suspender o apoio da polícia militar nas fiscalizações. Tudo para impedir fiscalizações. Recentemente também foi descoberto que a prefeitura de Belterra autorizou licenças de desmatamento irregulares.

Demitir alguém que tentava realizar uma administração séria, não parecia uma tarefa fácil para aqueles que se sentiam incomodados pelas ações da gerência em Santarém. Assim, foram buscar uma desculpa que pudesse desmoralizar o então gerente. Acusaram o senhor Cohenca daquilo que ele mais lutou dentro da instituição, que eram as práticas de corrupção e desperdícios públicos. Sem nenhuma prova que o responsabilizasse, sua exoneração foi instantânea. Ora, se havia uma suspeita de irregularidade na gerência, o certo seria afastá-lo do cargo e proceder à investigação. Não foi o que ocorreu, mas sim a exoneração sumária. Na verdade, os lobistas do agronegócio irregular que atuam no governo poderiam não ter outra chance para trocar aquele gerente que os incomodava ou que não lhes obedecia.

Esta prática de pressão aqueles gerentes que colocam a Instituição pública a serviço da sociedade já é comum por aqui. Isto aconteceu com o senhor Paulo Mayer que foi transferido, Nilson Vieira que pediu afastamento e agora a demissão de Daniel Cohenca, todos esses pessoas que tentaram levar a sério a missão da Instituição. Se isto tudo não bastasse há a investida de chefões do IBAMA de reduzir as gerências em todo o Brasil em simples escritórios. Um sinal claro de evitar qualquer possibilidade de ameaça ao saque arquitetado pelos planos do governo. O exemplo mais próximo desta investida é o agora escritório de Altamira.

Esta nota não tem o único objetivo de denunciar a exoneração esdrúxula do senhor Daniel Cohenca, mas sim de denunciar as práticas sórdidas de pessoas que ocupam cargos públicos e utilizam os mesmos para atuar e defender interesses de grupos econômicos que historicamente vem destruindo a Amazônia e tornando sua população refém e miserável.

Santarém, 12 de dezembro de 2008.
Frente em Defesa da Amazônia."

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, o PT não perdoa. Façam o que quiserem, só não mexam com os madeireiros. Afinal, algupem precisa financiar campanhas...

Anônimo disse...

Vai fazer uma falta.
Acabou com o desmatamento.
Liberou somente os planos de manejo corretos.
Nunca abortou operação a pedido dos chefões.
Poderia apresentar o que fez nesse tempo.