quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Autora de livro sobre Monsanto diz que sua obra 'dá muito medo'

Jornalista francesa acusa a empresa de práticas mafiosas. Autora afirma que adubos e pesticidas são "tóxicos".

A jornalista francesa Marie-Monique Robin, que acaba de publicar na Espanha um ensaio sobre a multinacional de sementes transgênicas Monsanto, à qual acusa de práticas "mafiosas", diz que não sabe se seu livro "é de terror, mas dá muito medo, pois, infelizmente, tudo o que está lá é verdade".

"Le Monde Selon Monsanto" - "O Mundo Segundo a Monsanto", em português - é o irônico título escolhido para um livro no qual ela denuncia, com documentos inéditos e testemunhos de muitas "vítimas", a "impunidade diabólica" da multinacional americana que comercializa "produtos tóxicos", afirma a autora em entrevista à Agência Efe.

As acusações de Robin à Monsanto são vender sementes geneticamente modificadas que não demonstraram sua "inocuidade tóxica" e que devem ser tratadas com adubos e pesticidas da mesma empresa, "igualmente tóxicos", em um ciclo monopolístico.

Segundo a especialista, o ciclo não acaba somente com a biodiversidade do local onde é implantado, mas também não garante melhores colheitas e empobrece os terrenos.
A jornalista se reuniu durante três anos com políticos, camponeses e cientistas, alguns dos quais "sofreram na própria pele o 'efeito Monsanto'".

Muitos deles sofreram represálias e foram despedidos devido às investigações sobre o risco dos produtos geneticamente modificados e outros adquiriram algum tipo de câncer pelo contato com eles.

A companhia, lembra Robin, comercializa 90% dos cultivos transgênicos do mundo, com 8,6 bilhões de euros -- aproximadamente 26 bilhões de reais -- de faturamento em 2007.
É a maior vendedora de sementes na América Latina, Ásia, Estados Unidos e Canadá, e entre seus "feitos" químicos está a fabricação do "agente laranja", um devastador pesticida utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.

Robin afirma que a multinacional tem dezenas de processos penais contra ela no mundo todo, devido a problemas de saúde gerados por seus produtos, mas também por causa de práticas de monopólio.

Segundo a jornalista, a multinacional se comporta como uma estrutura saída da mente de George Orwell -autor do livro "1984", que retrata um regime autoritário de uma sociedade de vigilância -, já que tem uma "meta totalitária e monopolística" e utiliza métodos muito semelhantes aos da máfia.

O livro faz um percurso pelas relações entre os políticos encarregados de redigir a regulamentação sobre transgênicos e as empresas do setor, com casos de membros da administração pública nos EUA que, após promover leis permissivas a esses produtos, para reduzir os testes toxicológicos, passaram para o outro lado, um inclusive como "vice-presidente" da multinacional.

Fonte: 3ºSetor / G1.
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