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A CPT, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Associações e comunidades do conjunto de Glebas Mamuru/Arapiuns (área em que se encontra a Gleba Nova Olinda), elaborou e encaminhou ao Governo do Estado uma proposta de destinação das Glebas, como forma de garantir aos moradores nativos suas terras. O Governo do Estado não aceitou a proposta e permitiu que grileiros, associados em cooperativas, permanecessem na Gleba para a exploração madeireira.
A exploração madeireira na Gleba chegou a um nível vergonhoso de irregularidades e desrespeito aos filhos nativos de toda região do Arapiuns. Indignados e cansados com o descaso do governo decidiram fazer uma manifestação em uma das comunidades do Rio Arapiuns, para chamar a atenção das autoridades para os crimes cometidos contra aquele povo.
A manifestação contou com populações indígenas, não indígenas, assentados do PAE Curuai e Resex Tapajós Arapiuns. Formaram então o “Movimento em Defesa da Vida e da Cultura do Arapiuns”. O movimento decidiu impedir a passagem de balsas carregadas com madeiras vindas da Gleba Nova Olinda e solicitou a presença de representantes do Governo do Estado e outras autoridades para tratar do assunto.
O governo do Estado nunca admitiu nenhuma irregularidade na retirada da madeira e tão pouco se propôs a encontrar uma saída a partir da pauta dos moradores do Arapiuns.
A mídia tratou a manifestação como vandalismo e outras acusações contra o “Movimento em Defesa da Vida e da Cultura do Arapiuns”. Para reforçar este discurso, os principais meios de comunicação da região têm usado alguns comentários de um assessor de um Deputado Federal da Região, que se intitula pesquisador sobre mudanças climáticas que, infundadamente, apresenta informações de que não existem indígenas na região do Arapiuns. O “pesquisador” ignora, ou desconhece a Constituição Federal Brasileira e a Convenção 169 da OIT assinada pelo governo Brasileiro em 2004, que tratam do assunto.
O assessor político, que tem feito este discurso, também tenta difamar padres da Igreja de serem responsáveis pelo processo de “inventar” a existência de índios na região. O ato desesperador é uma tentativa clara de intimidar o serviço da Igreja junto a estas populações e, mais, de propagar um discurso contra os direitos dos povos nativos da Amazônia, e ainda, de criminalizar a luta dos povos nativos, tudo em defesa da política nefasta do agronegócio defendida principalmente pelo Deputado Federal de quem o tal pesquisador é assessor.
A extração de madeira e a presença de grileiros com histórico na plantação de soja na Gleba Nova Olinda é uma ameaça à vida e cultura dos moradores do Rio Arapiuns. O Governo do Estado do Pará tem sido benevolente com a atuação desses grupos trazendo graves conseqüências ao povo local. “O Movimento em Defesa da Vida e Cultura do Arapiuns” é formado por mais de 40 comunidades e demonstra estar decidido a lutar pelos seus direitos, e a CPT apoiará qualquer luta em defesa da vida e cultura do povo.
Santarém, 18 de Novembro de 2009.CPT Santarém - Diocese de Santarém.