Diz trecho da postagem Moradores incendeiam balsas com madeira no Pará :
“Greenpeace condena vandalismo na Gleba Nova Olinda, em Santarém, no oeste do estado
Manaus (AM), 12 de novembro de 2009 - Moradores da Gleba Nova Olinda atearam fogo, nesta semana, em duas balsas de madeira mantidas retidas há quase um mês na comunidade São Pedro, na região de Santarém, no oeste do Pará. As balsas, transportando cerca de 1,5 mil metros cúbicos de madeira, foram retidas durante o bloqueio do rio Arapiuns pelas comunidades, iniciado no dia 12 de outubro, como forma de chamar a atenção do governo do Pará para o caos fundiário e a intensa atividade de exploração de madeira na Gleba que, segundo relatos locais, é ilegal.
'Como organização pacifista, o Greenpeace desaprova este tipo de manifestação e está muito preocupado com o clima de violência que se instalou na região', disse Raquel de Carvalho, da campanha Amazônia.”
Acostumados a promover ações espetaculosas e com poucos militantes, o Greenpeace parece que errou na dose ao condenar o incêndio, criminalizando o movimento como não-pacífico. Talvez tal condenação parta de uma concepção pré-concebida de luta, com roteiros e personagens pré-estabelecidos. Ou mesmo ignore quem realmente são os violentos nesta história e a classe social de cada um. Há inclusive um poema de Brechet que é bem ilustrativo: "diz-se violento o rio que tudo arrasta. Mas não se diz que são violentas as margens que comprimem o rio?".
Aliás, muitas pessoas não envolvidas diretamente no conflito, compreenderam a ação como um ato de desespero ou de denúncia, mas não de vandalismo (Vê as postagens no blog do Jeso Carneiro: Resistência legítima; Uma defesa desesperada da floresta e Fogo em defesa da floresta.)
O mais curioso nisto tudo é que madeireiros e grileiros instalados na região denunciam a todo o momento, como estratégia para desmoralizar os movimentos sociais locais, que os mesmos seriam insuflados e financiados pelo Greenpeace, que desejaria a "internacionalização da Amazônia." É espantoso que a Ong use o mesmo termo tantas vezes usado contra ela mesma.
Mas, o que seria vandalismo? A origem da palavra diz muito. Há um bom artigo na página do Brasil de Fato chamado Os vândalos já estão aqui, da professora Silvia Beatriz Adoueque que vale a leitura tanto do Greenpeace como de outras pessoas que só olham para o rio e se esquecem de suas margens.