Por Edilberto Sena*
O discurso oficial é bonito e conta vantagens. Uma hora diz que construir hidrelétricas na Amazônia é gerar energia limpa; outra hora afirma que o petróleo achado no fundo do mar, o pré-sal, vai tornar o Brasil o maior exportador de petróleo do mundo, nos próximos 20 anos. E assim vai a propaganda oficial, nem sempre verdadeira.
Agora, mais um anúncio para impressionar platéias desavisadas. Diz a notícia: “empresas do setor madeireiro já podem alugar florestas nacionais na Amazônia”. O edital do governo disponibiliza três unidades do Oeste do Pará, uma com 91 mil 600 hectares; outra, com 30 mil hectares; e uma terceira com 18 mil e 700 hectares, na Floresta Nacional de Saracá Taquera, entre Oriximiná, Terra Santa e Faro. Aí está o governo que diz zelar pela Amazônia, entregando florestas a quem desejar pagar um aluguel por 40 anos de uso.
A notícia não especifica quanto será o preço do aluguel de cada floresta e nem se será por mês ou por ano. Mas esclarece que o arrendatário pode retirar toda a madeira que puder, com plano de manejo e outros produtos da floresta, menos castanha, açaí e palmito. Dessa forma, diz o pessoal do governo, se acaba com o roubo de madeira e grilagem de terra na Amazônia.
Mal comprado, é como a estória do granjeiro que sentindo desaparecer suas galinhas, decidiu convidar a raposa para vigiar a porta do galinheiro e foi dormir tranqüilo.
Até onde chega nosso país, que dentro de mais algumas semanas estará em Copenhagen, garantindo ao mundo que cuida e protege a Amazônia.
Nunca antes neste país, se chegou a entregar florestas graciosamente a quem tiver dinheiro para explorar suas riquezas. E a sociedade local fica indiferente, ou até aplaude. Quem contesta é considerado atrasado e anti-desenvolvimento. Hoje se alugam florestas, amanhã alugarão os rios e lagos. Quanto aos povos da região, bem isso são detalhes pequenos. Pois é...
*Padre diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 13.11.009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
1 Comentários
1 comentários:
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Maiakovski tinha razão, assim como Zé Ramalho. "Êh oh oh! vida de gado, povo marcado, povo feliz . . .". Felizmente em Arapiuns a coisa tá quente, literalmente.
- 16 novembro, 2009
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