terça-feira, 24 de novembro de 2009

Turismo em Santarém

No blog do Jeso, na postagem Tire proveito, prefeita!, fiz o seguinte comentário:

Estive neste mês no Rio e em Fortaleza de férias. A publicidade sobre Santarém realmente é uma das melhores: está em aeroportos com gigantecas fotos de apresentações culturais e de Álter-do-Chão; em programas de TV que mostram a Floresta Nacional do Tapajós e o chamado turismo de aventura; em inserções comerciais do Ministério do Turismo, enfim em muitos espaços físicos e midiáticos.

O lamentável nesta história não é somente a prefeita não “tirar proveito”, mas a ausência de qualquer investimento em melhorias reais da cidade e atraia turistas que venham e voltem. E melhorias não são viadutos que soterram igarapés ou passarela que levam pedestres do nada ao lugar nenhum. É sanear a cidade, despoluir o rio, retirar aquele mostrengo da Cargill que tapa o pôr-do-sol (entre outras barbaridades que eles fazem); valorizar o conjunto arquitetônico histórico; sinalizar ruas e monumentos; tapar os buracos; arborizar, enfim, promover uma série de melhorias para a população, maior merecedora disto tudo. Assim, o turista também se sente merecedor. Estas tarefas, digamos assim, cabe ao poder público. Mas há outras tarefas e outros atores com papel também a desempenhar.

O turista que vem a cidade irá gostar se ser maltratado pela poluição visual e sonora do centro da cidade, promovida por comerciantes e seus comerciários mal pagos, mal preparados e em números insuficientes para fazer um bom atendimento? Ou será que o turista irá gostar de vê a sujeira no rio da “Pérola do Tapajós”? E o que dizer dos hotéis da cidade, com baixa capacidade de hospedagem, que com qualquer eventozinho estão lotados, isso sem falar também no péssimo atendimento e higiene, com boas exceções. O que dizer da falta de estruturada e total amadorismo para promover roteiros nas redondezas? Eu mesmo, morando aqui a três anos, tenho enorme dificuldade para ir, por exemplo, ao Lago da Maicá, aqui do lado. Cadê as entidades do chamado sistema “S” (Sebrae, Sesi, Senai...) para também ser indutoras do turismo? Cadê os incentivos para as manifestações culturais? Cadê o mínimo de infra-estrutura nas praias? Cadê a cultura de “tratar bem” ou invés de “explorar esse otário”?

E estou falando na política de atração do verdadeiro turismo, e não de incentivo à prostituição que é o que se tornou o litoral do Nordeste brasileiro, infelizmente, acompanhado ainda da especulação imobiliária que está destruindo comunidades e paisagens inteiras. Um bom turista que vem querendo conhecer a floresta, os rios e o povo da Amazônia, que goste de ser bem recebido, que fale bem e cuide da cidade para outros que venham também e que volte.

Se até mesmo o nosso potencial natural é constantemente ameaçado pelo desmatamento, as hidrelétricas e hidrovias, a pesca predatória... A propaganda é bem-vinda, mas sem uma política de turismo servirá apenas para visitas extemporâneas e os daqui não vão tirar o seu bom proveito, e nem quem vier de fora.
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1 Comentários

1 comentários:

Anônimo disse...

Alter do Chão não tem capacidade humana de receber os turistas que pretendem, muitos não voltam. Nem caixa de banco tem., nem higiene, vai entrar goela aboixo no turismo.