No último fim-de-semana, após mais uma tentativa de despejo pela Polícia Militar, pistoleiros seguiram militantes do MST e armados, tentaram invadir o acampamento. Esses jagunços agrediram uma liderança do acampamento e neste contexto ocorreram as mortes.
Leia a abaixo a Nota da Direção Estadual do MST-PE:
Famílias são ameaçadas por pistoleiros em Pernambuco
No ultimo sábado (21/2), quatro pistoleiros foram mortos ao tentarem invadir o acampamento Consulta e assassinar um companheiro. O conflito na região vem ocorrendo desde abril de 2000, quando as fazendas Consulta e Jabuticaba foram ocupadas.
De lá para cá foram vários despejos realizados pela polícia militar e ameaças permanentes por parte de pistoleiros e milícias armadas.Infelizmente até hoje o Incra (Instituto Nacionla de Colonização e Reforma Agrária), mesmo classificando as propriedades como improdutivas, não conseguiu a desapropriação das áreas, pois houve manipulação dos registros de imóveis no cartório e a fazenda Consulta foi subdividida enquanto tramitava o processo de desapropriação.
Em 2007, o conflito na região chegou a um nível bastante tenso, quando depois do cumprimento de mais uma reintegração de posse na fazenda Jabuticaba, o proprietário contratou capangas e máquinas agrícolas para destruir mais de 120 hectares de lavoura das famílias acampadas.
Na última quinta-feira, com um efetivo de 300 soldados, a Polícia Militar realizou mais um despejo, simultaneamente nas duas fazendas. As famílias sairam, sem resistência e acamparam ao lado das propriedades, como sempre fizeram nestes oito anos de lutas pela desapropriação das áreas. Como já é de rotina, as famílias, passam a se preparar para ocupar novamente as duas áreas, já que lá construíram suas vidas e seu sustento.
Porém, logo depois do despejo, elas passaram a ser sistematicamente ameaçadas por uma milícia de pistoleiros contratada pelo Sr. Estermilton Guedes, um dos herdeiros da fazenda Jabuticaba. No sábado pela manhã, as famílias reocuparam a fazenda e imediatamente após a ação, sofreram as ameaças por parte dos pistoleiros, que chegaram com muita violência. Foi solicitado apoio policial, que esteve no local e impediu que houvesse ali um massacre contra as famílias Sem Terra. A chegada da polícia dispersou quatro pistoleiros, que ficaram em um bar da Vila Monte Alegre, um povoado próximo do acampamento.
Com a retirada da polícia, dois companheiros saíram de moto para informar as famílias do acampamento da Consulta do ocorrido. Quando passaram pelo bar, os quatro pistoleiros, em três motos, começaram, a persegui-los. Neste momento as famílias do acampamento Consulta já estavam em alerta. Poucos segundo depois que os dois companheiros entraram no acampamento, as três motos invadem o local e os pistoleiros passam a agredir um deles (Aluciano) até levá-lo ao chão. Foi neste momento que um dos pistoleiros sacou sua arma para matar o Sem Terra e os acampados reagiram em defesa da vida de Aluciano e das famílias acampadas. Todo o episódio foi acompanhado e filmado por policiais contratados pelo dono da fazenda Consulta para fazer segurança do latifúndio.
No desfecho da situação, quatro pistoleiros morreram e um trabalhador foi baleado. A coordenação do acampamento convocou a polícia para denunciar a tentativa de massacre contra os acampados. Ao chegar no acampamento a polícia prendeu o companheiro Aluciano e um trabalhador, o Sr. Paulo, de 64 anos. Hoje, as famílias acampadas estão sobre ameaça permanente, por parte da milícia armada da região. Estamos solicitando de imediato a garantia de vida para as famílias acampadas e a desapropriação das duas fazendas.
Direção Estadual do MST-PE