por Edilberto Sena (*)
Parece que a onça está acuada e tenta destruir os caçadores. A multinacional que se apresenta ao mundo como empresa que cuida do meio ambiente, que tem responsabilidade social, que é uma empresa justa, agora está incomodada com os moradores de Jururi Velho. Tenta passar informações erradas para o mundo acreditar que ela é vítima de perseguição de uns vândalos, desocupados.
Uma hora, seus dirigentes dizem que “são 150 que se dizem habitantes de Juruti Velho”. Também dizem que são violentos e não aceitam o diálogo e, imaginem, ameaçam “retirar a empresa de Juruti”. Será que a multinacional vai largar aquele filé de bilhões de dólares só por que os moradores exigem participar dos lucros e que ela respeite o meio ambiente? E porque então buscaram pelotões de PM, que a subserviente governadora do Estado prontamente atendeu?
É hora de se buscar outro tipo de informação mais objetiva sobre o conflito em Juruti Velho e que não é de hoje. O Ministério Público Federal é um órgão mais confiável para se saber porque a Alcoa está metida em conflito social e ambiental.
Primeiro, ela já desmatou 800 hectares de floresta lá no canteiro de exploração de bauxita. O MPF afirma que o motivo principal da ocupação é um protesto porque a Alcoa se recusa a um diálogo sério sobre os impactos sócios ambientais decorrentes da implantação da empresa na região.
O MPF em Santarém, diante das razões do conflito, manda oficio à governadora do Estado, à Sema, ao Iterpa para uma reunião requerida pelas famílias ainda lá no local da ocupação. Diz a nota do MPF que o procurador da Republica, Daniel Avelino, quer investigar práticas de improbidade administrativa de ex-secretários do governo do Estado que teriam licenças ilegais à Alcoa.
Portanto, vândalos não são os reais habitantes de Juruti Velho. Eles e elas só querem justiça e respeito às leis ambientais do país. Eles querem o direito de benefícios pela terra que foi dividida para a multinacional construir sua ferrovia privada. Enquanto a multinacional, já responde a processo na justiça movido pelos MPF e MPE por supeita de ilegalidades jurídicas. O julgamento ainda não aconteceu.
Afinal, os habitantes de Juruti têm ou não direito de usufruir dos lucros gerados pelo minério que está nas terras que eles habitaram por séculos e que ainda habitam e estão invadidas pela multinacional?
* È padre diocesano. Dirige a Rádio Rural AM e escreve regularmente neste blog.