Recebi há algumas semanas atrás por correio eletrônico e logo em seguida por telefone o pedido para a publicação de uma carta dos servidores do Incra no Tocantins que era fruto de um processo local e nacional de mobilização. Prontamente me comprometi a divulgar, como sempre faço com pedidos similares.
Contudo, ao ler o conteúdo da carta percebi que nela havia considerações em minha opinião equivocadas, embora sem comprometer a justeza central da mesma. Mas estes equívocos me forçavam a escrever algo. Isso não seria empecilho para publicá-la no meu blog, pois respeito outras opiniões. Mas queria escrever algo para não ficar parecendo que concordo com tudo que está ali, mas o tempo foi pouco para elaborar.
Clique nas figuras abaixo e leia a carta:Tenho pleno acordo com as críticas de que no Incra as coisas são empurradas para baixo do tapete e quem não concorda com isso é discriminado como "não quer fazer reforma agrária". Até parece que há em curso alguma reforma agrária neste país...
Também acho que as coisas devem ser investigadas, mas adoto um viés classista nestas investigações. As investigações devem ser fruto da luta dos trabalhadores, da pressão dos trabalhadores: acampados, assentados de movimentos sociais ou não, dos servidores do Incra, dos sindicados, das associações... Deve ser uma aspiração classista e de preferência coletiva, como é o caso da carta que os servidores do Tocantins escreveram.
Contudo não dar para fazer uma defesa da CPI contra os movimentos sociais como se ela fosse positiva. Que fique claro que não é uma CPI contra o Incra ou o governo Lula, mas uma CPI contra os movimentos sociais. Muitos, tanto no Estado como na maior parte dos movimentos sociais e na própria direita clássica, pela situação conjuntural de hoje, não fazem muita distinção entre uma coisa e outra. Mas são coisas distintas.
O que está em curso é um combate à ocupação de terras. Querem argumento para barrar até mesmo as políticas compensatório no campo, destruir a lei agrária, e fazer a criminalização da luta. Portanto, não concordo em colocar a CPI como uma bandeira a ser defendida pelos servidores ou qualquer trabalhador organizado.
Ao mesmo tempo não concordo com "não podemos demonizar o agronegócio". Quem está demonizando o agronegócio neste país? A mídia? O Congresso? A classe média? Pelo contrário. São eles os, os agro-bandidos, os maiores criminosos do mundo rural e que criminalizam os povos do campo. Achei uma frase sem propósito algum, já que se queria com o manifesto era demonstrar que o Incra empurra as coisas para baixo do tapete e que é necessário que se façam investigações. Pra que falar do agronegócio, seja de bem ou de mal. Ele não está sob ataque e não há dualimo dentro da estrutura do Estado entre uma coisa e outra.
Pelo contrário, o agronegócio é que nos ataca: recebe bilhões de reais a cada ano e a cada ano dar um novo calote em todos nós brasileiros; expulsa comunidades indígenas e outros povos tradicionais de suas terras; atacam as leis ambientais e trabalhistas; recriaram a escravidão em nosso país; transformam o campo num produtor de commodytes e não de alimentos; destroem os nossos biomas e nossa biodeveridade; deixa nossa economia numa eterna condição subalterna...
Eis na minha avaliação os equívocos da carta
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