sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Sema sumiu!

Por Edilberto Sena*

Aqui e acolá o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais – IBAMA dá sinal de vida. Já a Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA, ou não existe de fato, ou se existe, não tem vontade de trabalhar.


O IBAMA acaba de prender novo carregamento de madeira ilegal no município de Óbidos, enquanto nas terras do Estado do Pará, os madeireiros recebem rapidamente os planos de manejo e as balsas e caminhões saem aos montes, sem fiscalização da SEMA. Assim é no rio Arapiuns, no rio Uruará, na RESEX Verde para Sempre. Aí é que surge um novo sujeito fiscalizador, a sociedade civil organizada.

A inoperância da SEMA é tão visível que causa revolta nos moradores do Alto rio Arapiuns que chegam a bloquear balsas carregadas de madeira, no mínimo suspeitas de ilegalidade; a SEMA é chamada e se recusa a fiscalizar em profundidade a questão.

Outro conflito está armado no rio Uruará, município de Prainha, por causa da intensa extração de madeira nobre. Novamente a SEMA está ausente, ou distribui plano de manejo aos madeireiros. Até quando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente vai ser cabide de emprego, defensor oficial dos madeireiros?

Qual a razão de o governo do Estado recusar o diálogo com o novo sujeito defensor das florestas estaduais, os ribeirinhos organizados? O que está por trás dessa omissão fiscalizadora do governo do Pará?

E ainda por cima, surge antropólogo doutorando, afirmando que não existem índios no rio Arapiuns, imagine! Onde ele terá aprendido a fazer pesquisa antropológica? Talvez ele queira afirmar que os moradores do rio Maró são chineses ou marcianos que se divertem em queimar balsas carregadas de madeira de inocentes madeireiros. Ou será ele contratado pela SEMA para denunciar moradores indignados do Oeste do Pará?

Porque, enquanto o Estado do Pará se omite mais e mais, comunitários vão defender a floresta.

E os conflitos de interesses vão entrar em choque e coisas piores poderão acontecer. Que governo é esse que se intitula “ Estado de direito” e “governo popular”? Quem administra um poder público não pode brincar com palavras.

*Padre diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 03 de dezembro de 2009.
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Anônimo disse...

Só uma pergunta: A fiscalização conjunta entre Ibama, Sema, MP e Arco de Fogo esteve na gleba nova olinda fiscalizando os projetos de manejo, caso nada de ilegal lá seja verificado os manifestantes que representam 3 das 14 comunidades da gleba irão aceitar que a extração é LEGAL e vão deixar os empresários que lá estão trabalhando continuarem trabalhando? Gostaria muito de obter uma resposta.