Por Cândido Neto da Cunha
Os dois fatos mais relevantes do ano até agora foram narrados pela mídia brasileira de forma sensacionalista e superficial. Até aí, nenhuma novidade.
Mas, talvez na pressa pela notícia pela notícia, parece que resolveram enterrar os conteúdos históricos ou criar uma outra História.
A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro foi apresentada como a “maior catástrofe climática da historia do Brasil”. Houve quem discordasse e apresentasse um deslizamento em Caraguatatuba, São Paulo, em 1967, como a “tragédia campeã de mortes”.
Se o critério para classificar uma tragédia climática for o número de mortos, os meios de comunicação esqueceram ou ignoram as grandes secas que atingiram o semi-árido nordestino no final do século XIX e início do século XX, que mataram não dezenas ou centenas de pessoas, mas dezenas de milhares de brasileiros, talvez muitos pobres e maltrapilhos, merecedores do esquecimento por parte da mídia comercial.
Outro fato tratado de forma enviesada tem sido os processos revolucionários na Tunísia e no Egito. Aliás, o nome revolução passa longe dos noticiários e impressos, que preferem o uso dos termos “revolta” e “protestos”.
Neste episódio, a mídia tem se preocupado muito mais em falar das ameaças sobre peças arqueológicas do Egito antigo do que do peso político e estratégico deste país para todo o Norte da África e Oriente Médio, fator preponderante para os rumos que esta região tomará após a vitória ou derrotada da revolução em curso.
Fala-se também que é a primeira vez que “algo assim” (termo completamente vago) acontece em países islâmicos. Ignora-se por completo, a Revolução Iraniana de 1979 e as Intifadas palestinas de 1987 e 2000.
Ironizando uma frase de Fidel Castro, eu pergunto: será que e a história absorverá a mídia?