Antes da história principal, explico que o Sairé é uma festa estilo boi de Parintins, onde ao invés de bois os botos tucuxi e cor-de-rosa disputam com danças e sedução quem é o melhor.
Após a atrasada saída, a adiantada cerveja e algumas paradas estratégicas nas deslumbrantes praias fluviais do rio Tapajós, chegamos ao final da tarde na Ponta do Cururu, entrada da enseada de Álter-do-Chão.
Após mais alguma cervejas, carnes, nadadas e mergulhos, uma parte do grupo levemente alcoolizado subiu até o teto do barco, onde uma cambaleante churrasqueira teimava em soltar as últimas cinzas do dia.
Foi então que o Segundo, que é um servidor do Incra, fez o seguinte comentário: - Olha que coisa impressionante, de um lado o sol se pondo e do outro a lua nascendo. Antes que eu pensasse: - O que há de impressionante nisto! -, o impressionante apareceu.
Uma grande bola de fogo cruzou o céu do Tapajós, em pleno fim de tarde. Soltava pedaços da área incandescente central e mudava de cor à medida que se deslocava. Cruzou o rio e passou paralelamente sumindo após 15 ou 20 segundos.
Era uma bola grande sim. Ninguém ouviu baralho nenhum, mas o som e o álcool podem ter sido condições impeditivas. Mesmo assim, todos estavam impressionados.
Fato é que já tinha visto muitas estrelas cadentes, mas nunca uma de dia, tão grande e tão perto.
Dois dias depois a bola de fogo apareceu no jornal, avistada também por índios e comunitários. Pelo jeito, só o radar do Lula para a Amazônia não viu!
P.S.: A foto acima é do por-do-sol é no mesmo local (Ponta do Cururú), no retorno para Santarém no dia seguinte.