quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Desgraça II: São Luiz do Tapajós e outras mais




Após as usinas do rio Madeira e de Belo Monte, a Eletrobrás já prepara o terreno para que o governo federal possa levar futuramente a leilão o próximo grande bloco de energia hídrica da Região Norte, o Complexo do Tapajós.


O estudo de inventário produzido pela estatal, pela Eletronorte e pela CNEC, empresa de engenharia da Camargo Corrêa, identificou a viabilidade de cinco aproveitamentos ao longo dos rios Tapajós e Jamanxim, que totalizam 10,682 mil MW de capacidade instalada.

“Os estudos indicaram, neste momento, que o investimento do complexo é de R$ 31 bilhões”, disse o presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes.

As empresas, em parceria, mapeiam a Bacia do Tapajós há mais de três anos. Inicialmente, o potencial identificado para a região foi de 14 mil MW. De acordo com o diretor-presidente da CNEC Engenharia, José Ayres de Campos, o consórcio empreendedor desenvolveu 14 hipóteses de projetos para a bacia, identificando 16 aproveitamentos hídricos.

“Dessa possibilidade, escolhemos a configuração que continha três usinas no rio Tapajós e seis usinas no rio Jamanxim”, disse o executivo. Para reduzir o número de aproveitamentos, as companhias tomaram como principal critério de avaliação o menor impacto ao meio ambiente da região.

Mesmo dentro dessa configuração, a proposta da Eletrobrás, que será apresentada em breve aos membros da área energética do governo federal, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, é que se construam cinco hidrelétricas, sendo duas no rio Tapajós e três no rio Jamanxim.

(…)
Em evento promovido pela CNEC, o executivo da empresa da Camargo Corrêa mostrou que as cinco usinas estão cercadas por extensas áreas de preservação ambiental.

Reflexo dessa preocupação ambiental é o que ocorreu com o principal empreendimento da bacia, a hidrelétrica São Luiz do Tapajós. Originalmente, a usina foi planejada para ter 9 mil MW de capacidade instalada.

“Esse modelo gerava impactos na rodovia Transamazônica e nos parques nacionais ao redor”, afirmou De Campos. Por isso, a proposta que será apresentada pela Eletrobrás prevê a divisão do projeto em duas usinas: São Luiz do Tapajós, com 6,133 mil MW de potência, e Jatobá, 2,338 mil MW, detalhou Muniz.

“Nessa nova configuração, São Luiz do Tapajós terá um reservatório de 722,2 quilômetros quadrados e uma queda d’ água de 35,9 metros”, explicou.

Além dessas duas usinas no rio Tapajós, também integram o complexo as hidrelétricas: Cachoeira dos Patos, com 528 MW de capacidade instalada; Cachoeira do Caí, com 802 MW; e Jamanxim, com 881 MW, no rio Jamanxim.

Segundo o presidente da Eletrobrás, o custo de instalação para os cincos empreendimentos varia entre R$ 52 a R$ 74 por MW instalado.

“A energia assegurada do Complexo do Tapajós totaliza 5,816 mil MW médios”, revelou Muniz. Atualmente, o estudo de inventário do complexo está em análise na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Não acreditamos que teremos algum tipo de problema dentro da Aneel. Esperamos que o regulador aprove o trabalho dentro de seis a oito meses”, projetou De Campos.

Após aprovação do trabalho pelo regulador, as empresas poderão dar início ao estudo de viabilidade e ao Estudo e Relatório de Impacto Ambiental. “Com isso, o leilão das usinas do complexo pode ocorrer dentro de três anos”, disse o executivo da CNEC Engenharia.

O presidente da Eletrobrás foi mais otimista e comentou que a sua expectativa é que o processo de licitação ocorra ainda dentro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além da Aneel, Muniz disse que o projeto já foi apresentado ao ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc. De acordo com executivo, ficou acertado nesse encontro que, assim como já ocorreu em Itaipu e será aplicada para as usinas do rio Madeira, os ganhadores das concessões das hidrelétricas do rio Tapajós terão que administrar os parques nacionais da região.

Outro fator que demonstra a preocupação ambiental do consórcio é que os projetos aplicarão o conceito de “usinas plataformas”, ou seja, pouquíssimas pessoas trabalharão dentro das usinas para evitar que a migração populacional provoque grandes impactos ambientais. (por Wellington Bahnemann e Leonardo Goy).

Fonte: Agência Estado, 24 de setembro de 2008.
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