FOLHA DE SÃO PAULO, 10 DE OUTUBRO DE 1970.
“Nas agrovilas e agropólis instaladas pelo INCRA à margem da Transamazônica e das outras grandes estradas que estão sendo implantadas na região já vivem mais de cinqüenta mil pioneiros da ocupação da imensa planície deserta”, disse a revista MANCHETE em Edição especial de 1973, repetindo o discurso ideológico do Regime Militar de “uma terra sem povo para um povo sem terra”.
Transamazônica hoje, vetor de enorme desmatamento. A política do regime militar de “integrar para não entregar” materializou-se com o Plano Nacional de Viação que nos anos setenta promoveu um conjunto de rodovias na chamada Amazônia Legal. A rodovia Transamazônica (BR-230) cortou uma extensa área, saindo do Nordeste e atravessando o estado do Pará paralelamente ao sul do rio Amazonas e teve como uma de suas finalidades ser uma via de atração de migrantes e evitar a Reforma Agrária feita pelos trabalhadores.
“O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, reafirmou ontem seu compromisso de concluir a rodovia Transamazônica e prometeu finalizar mais três obras no Estado do Pará. Para tanto, terá de gastar R$ 2 bilhões.”
FOLHA DE SÃO PAULO, 24 DE NOVEMBRO DE 1994
FOLHA DE SÃO PAULO, 24 DE NOVEMBRO DE 1994
No documentário “Amazônia Revelada” (CNPq/DENIT, 2005) o jornalista Lúcio Flávio Pinto descreveu a construção da Transamazônica no contexto geopolítico da época, em que a mesma era alardeada como a segunda obra feita pelo ser humano a ser vista do espaço (na época, se intensificava a corrida espacial). A primeira seria a Muralha da China. Diz o jornalista: “A diferença é que a Muralha da China foi feita com a ilusão de deter os bárbaros e a Transamazônica foi a estrada dos bárbaros. A penetração da barbárie na Amazônia”.