Por
Edilberto Sena*
Alguns
anos atrás, quando pequenos países da América Central eram governados por
ditadores e sua base econômica era basicamente a produção de banana e ainda
mais, nas mãos de empresas norte-americanas, eram depreciativamente apelidados
de repúblicas de banana. O Estado brasileiro hoje, por motivos diferentes, está
se auto-afirmando republiqueta de banana.
Quem
justifica tal apelido ao gigante da América do sul? Os três poderes da República.
O executivo, porque se comporta de forma ditatorial em relação à Amazônia e aos
projetos do PAC; o legislativo, porque está lotado de parlamentares fichas-sujas,
defensores do latifúndio (o novo Código Florestal, um exemplo) e que fazem leis
em seu próprio interesse; por fim, o judiciário, com sentenças imorais e inexplicáveis.
Um desses exemplos escandalosos acaba de dar o Supremo Tribunal Federal.
O
réu contumaz senador, acusado de ficha mais que suja, que já foi algemado pela
Polícia Federal, acusado de vários crimes do colarinho branco, que renunciou ao
mandato de senador para não ser cassado. Para este caso, os juízes, dez
ministros do chamado Supremo Tribunal Federal deram um tratamento muito
especial. Por duas vezes os dez supremos juízes empataram seus votos, cinco
deles, compreendendo a gravidade dos crimes, votaram pela condenação dele. Os
outros cinco, supremamente bem remunerados no cargo mais alto da corte
brasileira, votaram pela inocência do réu.
Nesta
segunda vez de julgamento deveriam aguardar o voto de desempate de uma nova
ministra que deve assumir o cargo próximo ano. Misteriosamente, o presidente do
tão supremo e sábio Tribunal Federal utilizou seu poder de minerva, que não
quis usar na primeira votação, desta vez votou duas vezes, inocentando o até hoje réu de peculato
e desvio de dinheiro público, fugitivo de mandato anterior para não ser punido
por seus colegas.
Eis
aí a trágica comédia da nova republiqueta de banana chamada Brasil. O inocente,
tornado assim pelos ministros do STF, volta triunfante à sua cadeira no Senado
Federal, que ao tempo dos romanos era lugar para pessoas de alta moral no
império. Certamente hoje, o novo senador está rindo de todos os eleitores da
ficha limpa, agora enlameada. Quem poderá lavar tanta lama?
*Padre diocesano e Coordenador
da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 15 de dezembro de 2011.