Felipe
Luchete*
A Justiça do Trabalho em Rondônia determinou nesta quarta-feira o
bloqueio imediato da conta bancária e o corte de 50% do salário do presidente
da empresa Energia Sustentável do Brasil, Victor Paranhos, até que sejam pagos
salários de trabalhadores que atuam na construção da usina de Jirau, no rio
Madeira.
A decisão vale ainda para o diretor financeiro da empresa, Paulo
Maurício Mantuano de Lima. O bloqueio na conta se estende a Julio Cesar
Schmidt, proprietário da WPG Construções (empresa subcontratada).
O valor dos bloqueios e cortes soma R$ 1 milhão, para atender 80
trabalhadores que foram contratados para desmatar áreas ao redor do canteiro de
obras, mas não recebem desde setembro.
A determinação responde a uma ação do Ministério Público do
Trabalho, que pediu também a prisão dos três com base em dívidas de caráter
alimentar --o mesmo tipo de prisão para pais que não pagam pensão alimentícia.
O pedido ainda não foi apreciado pela Justiça.
A Energia Sustentável do Brasil, responsável pela obra, é formada pelo
grupo Suez e por Eletrosul, Chesf e Camargo Corrêa.
A usina de Jirau faz parte do PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento) e foi palco de um quebra-quebra que destruiu instalações, em
março, e provocou a revisão de condições aos operários.
Segundo o procurador Ailton Vieira dos Santos, o dono da WPG
"desapareceu" sem pagar os funcionários nem fornecer alimentação,
hospedagem e transporte.
Em contrato, segundo o procurador, a Energia Sustentável do Brasil
se responsabiliza pelos direitos dos trabalhadores.
A Superintendência do Trabalho e Emprego de Rondônia, ligada ao
Ministério do Trabalho, disse à Folha que a Energia Sustentável sabia que a WPG
não tinha estrutura para assumir a obra.
A superintendência analisou contratos após ter sido procurada por
trabalhadores.
Na decisão, o juiz federal Geraldo Rudio Wandenkolken escreveu que
os funcionários estão "desesperados". A maioria é natural de outros
Estados e foi a Rondônia para ficar em Jirau.
A assessoria de imprensa da Energia Sustentável do Brasil disse
que não se manifestaria por não ter sido notificada.
O dono da WPG, Julio Schmidt, afirmou que demitiu os funcionários
e deixou de pagar salários porque a Energia Sustentável rescindiu o contrato
com a empresa dele. Mas negou ter "sumido".
*Fonte: Folha