Por Edilberto Sena*
Refletir sobre os estragos que continuam sendo feitos à Amazônia. Já até parece estar se tornando cansativo. Mas a situação é tão grave e criminosa que obriga a quem tem um pouco de consciência crítica continuar a clamar, mesmo que seja num deserto. Enquanto a sociedade cruza os braços e a maioria dos e das amazônidas dorme passiva, os aventureiros avançam sobre as riquezas da região e as autoridades estaduais e federais avalizam e legalizam os crimes.
Neste momento, mais uma armadilha está sendo posta contra a Amazônia, lá em Brasília. Nestes dias está na mesa do presidente Lula da Silva a lei gerada pela MP 458 do próprio. Pressionado pelos ruralistas ele criou umas semanas atrás, a tal MP 458 que legaliza a grilagem de terras e absorve os criminosos invasores de terras públicas na Amazônia. A medida provisória foi ao Congresso Nacional onde se tornou lei.
É justamente essa famigerada lei que está sobre a mesa do presidente para ser, ou vetada ou aprovada por ele. A decisão é dele, já que foi eleito para zelar pela soberania nacional e o bem de todos os brasileiros. Lula da Silva está pressionado pelos dois lados, de um, os ruralistas e seus aliados, do outro, os que defendem a Amazônia e seus povos. Mas tudo indica que o presidente vai aprovar a desastrosa lei.
Se fizer isso, Lula da Silva estará traindo a Amazônia, traindo o discurso de defesa do meio ambiente e estará negando sua própria história. Em 2002, quando ainda candidato já quase eleito, Lula da Silva fez a seguinte afirmação: “Não se justifica num país, por maior que seja, alguém ter posse de 30 mil alqueires de terra. Ter dois milhões de hectares de terra. Isso não tem justificativa em lugar nenhum no mundo. Só no Brasil, porque temos um presidente covarde, que fica na dependência da bancada ruralista a troco de alguns votos”.(esta citação foi recuperada pela coordenação nacional da CPT em recente nota sobre a tal lei). Isso disse publicamente Lula da Silva em 2002 e se referia ao então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Hoje o presidente é o Sr. Lula da Silva e a decisão de sancionar ou não, uma lei de terras desastrosa é dele, está em suas mãos decidir se defende a Amazônia da destruição, ou se “fica na dependência da bancada ruralista a troco de uns votos”. Ele mesmo revelará nas próximas horas se é um presidente corajoso, ou se (como ele mesmo afirmou em 2002) é um covarde que fica submisso aos interesses dos grileiros da Amazônia. Aguarde e confira.
*Padre diocesado e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém-PA. Editorial do dia 10/06/2009
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