O
panorama da greve nos canteiros de obra está confuso. Segundo informações de
alguns trabalhadores, cerca de 800 operários voltaram hoje ao trabalho no
canteiro Belo Monte, principal sítio da construção da obra. No entanto, a
maioria não embarcou e permanece em greve na cidade
O panorama da greve nos canteiros de
obra de Belo Monte está confuso. Segundo informações de alguns trabalhadores,
cerca de 800 operários voltaram nesta quarta (30) ao trabalho no canteiro Belo
Monte, principal sítio da construção da obra. No entanto, a maioria não
embarcou e permanece em greve na cidade.
A confusão é fruto de uma reunião que
ocorreu na terça-feira, 29. No final da tarde, um grupo de trabalhadores
organizado pelo Sindicato da Construção Pesada (Sintrapav) se reuniu com o
Consórcio Construtor Belo Monte na Superintendência Regional do Trabalho, em
Altamira, para negociar a pauta de reivindicações dos operários. Na reunião,
que deveria ter acontecido na segunda-feira, 28, a empresa exigiu que a greve
fosse suspensa para que as negociações pudessem ser feitas. Apenas a pauta foi
protocolada pelo Delegado Regional do Trabalho. Um assessor da Secretaria Geral
da Presidência da República participou da negociação.
A empresa garantiu que
apresentaria um cronograma das negociações somente se todos voltassem ao
trabalho nesta terça. O sindicato
da categoria, dirigido pela Força Sindical – grupo político do Ministro do
Trabalho Carlos Lupi (PDT) – participará da rodada.
A paralisação teve início na última
sexta, 25, e os operários exigem, entre outros, recesso no natal para passar as
festas com a família, reajuste salarial, melhorias na alimentação e nas
condições de trabalho e fim dos desvios de função nos canteiros de obra.
Confusões
A terça-feira, 29, foi de grande confusão. De acordo com informações de um diretor local do Sintrapav, a reunião de negociação seria às 14h na Delegacia Regional do Trabalho. Os trabalhadores foram liberados do canteiro, mas não foram informados do local da negociação – melhor, receberam três endereços distintos, onde nada ocorreu durante grande parte do dia.
A terça-feira, 29, foi de grande confusão. De acordo com informações de um diretor local do Sintrapav, a reunião de negociação seria às 14h na Delegacia Regional do Trabalho. Os trabalhadores foram liberados do canteiro, mas não foram informados do local da negociação – melhor, receberam três endereços distintos, onde nada ocorreu durante grande parte do dia.
Ainda pela manhã da terça, chegou à
Altamira a informação de que os operários de outro canteiro, Pimental, também
aderiram à paralisação. As negociações entre os trabalhadores e o consórcio
construtor, no entanto, só ocorreram no final da tarde. No ato do protocolo da
pauta de reivindicações, o Consórcio construtor afirmou que só iniciaria as
negociações de fato se a greve fosse suspensa, posição aceita e reforçada pelos
dirigentes sindicais. De acordo com os operários, o sindicato “costurou” o protocolo
com o Consórcio e passou a tarde tentando convencer os grevistas de que a
paralisação seria ilegal e ilegítima, e que deveria ser suspensa para permitir
que a pauta fosse negociada.
Ao final da reunião, da qual
participaram seis trabalhadores, três dirigentes do Sintrapav, representantes
do Consórcio, o delegado regional do trabalho e o assessor da Secretaria de
Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência, Avelino Ganzer, o
sindicato informou que ficou acordada a suspensão da greve e que novas ações
poderão surgir a partir do teor da resposta do empreendimento.
Os trabalhadores que permanecem na
cidade e não tem notícia da reunião de ontem garantem que a greve está mantida
e que aguardarão um posicionamento concreto do Consórcio acerca das reivindicações
nesta quarta – e que, se a pauta não for aceita, “a greve pode radicalizar”.
*Com uma pequena alteração de ordem temporal.
Leia também: Indígenas da região de Altamira dão ultimato sobre direitos. Sergio Marone acompanha mobilizações