quarta-feira, 9 de maio de 2012

Para governo e Agência Brasil, moradores do Alto Tapajós não existem


Moradores de Montanha-Mangabal, rio Tapajós.

Se depender do governo federal e da Agência Brasil, os moradores do Alto Tapajós, no Pará, não existem ou não são seres humanos.

Na matéria “Hidrelétricas-plataforma da Amazônia devem ser licitadas até 2014”  que foi publicada ontem sobre a intenção do governo federal em licitar entre o fim de 2013 e o começo de 2014 as usinas hidrelétricas de São Luiz e Jatobá, a Agência Brasil publicou a versão de Maurício Tolmasquim, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de que as chamadas usinas-plataformas serão construídas “em áreas da Floresta Amazônica onde não há ocupação humana”.

“Praticamente não tem impacto ambiental porque vai se reflorestar tudo em volta e a vai ficar a hidrelétrica no meio da floresta. A ideia é não ter cidades em volta. Temos que criar essas inovações para usar nossos recursos”, disse ainda Tolmasquim.

Apesar de assumir a declaração como verdade, a Agência Brasil disse que “a Bacia Amazônica concentra a maior parte do potencial hidrelétrico brasileiro ainda a ser explorado. Mas muitas dessas áreas, propícias para implantação de usinas, ficam em área de mata preservada ou de reservas indígenas. O governo brasileiro tem sido alvo de críticas por causa da construção de usinas na Amazônia, como Belo Monte, no Rio Xingu (PA)”.

Deduz-se que pela lógica da agência e do governo, as “reservas indígenas”  e a “mata preservada” não sejam habitadas por ninguém, que indígenas, ribeirinhos e agricultores tradicionais não sejam seres humanos e que mata preservada continuará existindo depois de inundada.
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