Moradores de Montanha-Mangabal, rio Tapajós. |
Se
depender do governo federal e da Agência Brasil, os moradores do Alto Tapajós,
no Pará, não existem ou não são seres humanos.
Na
matéria “Hidrelétricas-plataforma da Amazônia devem ser licitadas até 2014” que
foi publicada ontem sobre a intenção do governo
federal em licitar entre o fim de 2013 e o começo de 2014 as usinas
hidrelétricas de São Luiz e Jatobá, a Agência Brasil publicou a versão de
Maurício Tolmasquim, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de que as chamadas
usinas-plataformas serão construídas “em áreas da Floresta Amazônica onde não
há ocupação humana”.
“Praticamente
não tem impacto ambiental porque vai se reflorestar tudo em volta e a vai ficar
a hidrelétrica no meio da floresta. A ideia é não ter cidades em volta. Temos
que criar essas inovações para usar nossos recursos”, disse ainda Tolmasquim.
Apesar
de assumir a declaração como verdade, a Agência Brasil disse que “a Bacia
Amazônica concentra a maior parte do potencial hidrelétrico brasileiro ainda a
ser explorado. Mas muitas dessas áreas, propícias para implantação de usinas,
ficam em área de mata preservada ou de reservas indígenas. O governo brasileiro
tem sido alvo de críticas por causa da construção de usinas na Amazônia, como
Belo Monte, no Rio Xingu (PA)”.
Deduz-se
que pela lógica da agência e do governo, as “reservas indígenas” e a “mata preservada” não sejam habitadas por
ninguém, que indígenas, ribeirinhos e agricultores tradicionais não sejam seres
humanos e que mata preservada continuará existindo depois de inundada.