terça-feira, 22 de maio de 2012

Quanto maior a mentira, mais imoral é o mentiroso

Por Edilberto Sena*

Enganar uma pessoa é mal, enganar toda uma nação é imoral e antiético. Uma criança mentir, não é sadio, mas se compreende por ela ser ainda uma criança. Porém, um adulto mentir, especialmente para tirar vantagens, é muito mais grave, é falta de caráter. Ainda mais, se esse adulto foi eleito para representar interesses da maioria de seus eleitores. E mais grave ainda, quando a maioria dos deputados federais aprova uma Medida Provisória indecente, emanada da Presidência da República, que é altamente prejudicial aos povos da Amazônia e ao meio ambiente do planeta.
Toda essa reflexão surge aqui, por causa da falta de ética coletiva, tanto da presidente da república, que criou mais uma medida provisória para encolher grandes áreas de Parques Nacionais e Florestas Nacionais na Amazônia, como a subserviência dos irresponsáveis deputados federais, que acabam de aprovar a perversa medida provisória.
O mais grave desse ato imoral é que a maioria dos deputados federais da própria Amazônia, inclusive os daqui da região do Tapajós, apoiaram a lei.
Onde está a mentira maior dessa nova lei?  É que ela é  apresentada à sociedade com um subterfúgio. O objetivo principal é legalizar violação da Constituição Nacional. Mais de 150 mil hectares de florestas estão agora autorizadas a serem destruídas com as futuras barragens de São Luiz do Tapajós, Jatobá e Jamanxim, além de outras em Rondônia. Só do Parque Nacional da Amazônia, está prevista, pelos cálculos da Eletronorte, a inundação de 10 mil hectares de floresta, que pela lei dos Parques Nacionais, seriam invioláveis e impediriam as novas barragens do PAC. E mais, cerca de  54 mil hectares desaparecerão das Florestas Nacionais Itaituba I e II.
A mentira imoral é que sendo esta devastação o objetivo principal da nova lei, o argumento apresentado pela Presidência da República e espalhado pelos deputados, é que esta Medida Provisória foi para atender necessidades dos moradores de Belterra e Aveiro, como também de 50 famílias que vivem no entorno do Parque Nacional da Amazônia e precisam ser removidos para garantir a intocabilidade do PARNA.
A perversidade da mentira é que aquelas famílias vinham reclamando direitos há mais de 30 anos e só agora, quando o governo pretende construir 5 mega-hidrelétricas na bacia do rio Tapajós, é que sancionam essa Medida Provisória com esse subterfúgio. Como a sociedade pode aceitar tal imoralidade coletiva de seus representantes?
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 19 de maio de 2012.
Leia aqui no blog: Câmara aprova MP que altera limites de unidades de conservação
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