Por Glenn Switkes*
1. Estão previstas 7 hidrelétricas - São Luiz do Tapajós (6133 MW), Jatobá (2338 MW), e Chocorão (3336 MW) no rio Tapajós, e Cachoeira do Caí (802 MW), Jamanxim (881 MW), Cachoeira dos Patos (528 MW), e Jardim do Ouro (227 MW) no rio Jamanxim. O total da capacidade instalado seria de 14.245 MW (veja número 2 abaixo);
2. O plano inicial seria a construção da usina São Luiz a montante das cachoeiras (perto de Pimental) - nesta forma, se diz possível de "preservar" as corredeiras (que seria realmente difícil). ANEEL pediu um estudo sobre a alternativas de construir a usina a jusante das cachoeiras (quase em frente de São Luiz), que implicaria a inundação das corredeiras, e interferência maior no Parque Nacional da Amazônia, mas que aumentaria o potencial instalado a 6400 MW. Nos estudos de viabilidade da usina, as duas alternativas deveriam estar estudadas.
3. As áreas inundadas pelas hidrelétricas seriam em total de 3.084,85 km², uma área enorme. As áreas inundadas de cada usina seria São Luiz 784,81 km², Jatoba 646,3 km², Chocorão 616,23 km², Cachoeira do Caí 420 km², Jamanxim 74,45 km², Cachoeira dos Patos 116,5 km2, e Jardim do Ouro 426,06 km².
4. O total de pessoas diretamente atingidas pelas usinas, segundo o inventário, é relativamente baixo - 2.668 (São Luiz atingiria 977 pessoas, Jatoba 1303 pessoas, Chocorão 18 pessoas, Cachoeira do Caí 150, e Jardim do Ouro 200. As outras atingiriam zero pessoas, segundo os estudos. Estes números omitem impactos, por exemplo, na comunidade de São Luiz, que por estar a jusante do eixo da barragem, não se considera atingida, mesmo sendo pertinho da barragem. Obviamente, se for construída a jusante das corredeiras, a comunidade teria que ser removida.
5. Há impactos importantes nas comunidades indígenas - São Luiz afetaria as comunidades Munduruku e Apiaká de Pimental, Akaybãe, e Remédio. A hidrelétrica Chocorão inundaria 52,4 km² da Terra Indígena Munduruku, e as Terras Indígenas Sai Cinza, São Martinho, e Boca do Igarapé Pacu seria 2,5 km da barragem, consideradas diretamente atingidas.
6. Há impactos importantes em unidades de conservação permanente - São Luiz, mesmo com o desenho a montante das corredeiras, inundaria 9.935ha do Parque Nacional da Amazônia, além de causar impactos diretos da construção e canteiro de obras (a opção de construir a usina em baixo das corredeiras inundaria 49 km² mais do PARNA).A FLONA Itaituba I sofreria inundação de 3 das hidrelétricas (São Luiz, Jatobá, e Cachoeira do Caí, com total de 9.632ha. A FLONA Itaituba II sofreria inundação de São Luiz e Cachoeira do Caí, e 40.836 ha (9,27% da floresta nacional) ficaria em baixo da água. O Parque Nacional Jamanxim teria 24.204 ha inundados pelas usinas Cachoeira do Caí e Jamanxim. E Jardim do Ouro inundaria 14.710 ha da FLONA Jamanxim e 1.033 ha da Floresta Nacional Altamira. No total, as hidrelétricas inundariam pelo menos 105.590 ha de áreas protegidas (inclusive a TI Munduruku) - 1055,9 km², ou seja, quase 35% da área inundada pelas usinas seria áreas protegidas.
7. O custo das usinas seria US$22.91 bilhões ($22,34 se São Luiz for construída a jusante das corredeiras), ou no câmbio de hoje, R$45 bilhões. A mais cara seria São Luiz (US$ 10,17 bi), daí vai Jatoba ($4,4 bi), Chocorão ($4,733 bi), Cachoeira do Caí ($1,13 bi), Jamanxim ($1,1 bi), Cachoeira dos Patos ($829 bi), e Jardim do Ouro ($549 bi).
Estou preparando um CD com os textos básicos dos estudos, que vou mandar para vários grupos. Em total, os estudos, que consistem principalmente em aerofotos, desenhos de engenharia, e dados hidrológicos, são 11 CDs. Posso disponibilizar o CD dos textos básicos para quem quiser. Se alguém quiser os estudos da sua integra, comunique-se comigo solicitando cópias. Vamos discutir os próximos passos.
Viva o rio Tapajós!
*Enviado por correio eletrônico.
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