Altino Machado*
Homens da Força Nacional de Segurança (FNS) já estão na base da Frente de Proteção Etnoambiental, mantida pela Funai (Fundação Nacional do Índio), no igarapé Xinane, na fronteira Brasil-Peru, habitada por quatro etnias que vivem em isolamento.
A FNS substitui os seis homens do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Acre, que foram enviados para a área após a base da Funai ter sido atacada por grupos paramilitares peruanos. Sem data definida, a FNS será substituída pelo Exército.
- Agora, no auge do verão amazônico, quando os isolados estão espalhados pelas beiras dos igarapés, comendo peixes, vamos começar a dar uma olhada nas cabeceiras dos igarapés pra ver se os peruanos estão escondidos por lá, esperando a poeira baixar – relatou o sertanista José Carlos dos Reis Mereilles.
O sertanista disse que “é hora de a Funai ter uma relação estreita e forte com as embaixadas dos países vizinhos, se quisermos um futuro mais longo aos nossos parentes brabos.”
- Ou repensamos tudo isso ou os dias dos parentes estarão contados. Tudo gira em torno das fronteiras de países vizinhos, que pensam só em desenvolvimento, estradas, petróleo e tudo mais. É preciso deixar espaço e tempo para os povos indígenas dessas fronteiras, isolados ou não. Ou todos estarão a serviço das madeireiras, petroleiras e traficantes num futuro bem próximo – alerta Meirelles.
“Angústia extrema”
Baseada em Londres, a organização Survival International elogiou nesta segunda-feira (15) a decisão do governo brasileiro de enviar agentes da FNS para ajudar a proteger os índios isolados que teriam desaparecido após o ataque dos peruanos à base da Funai no Xinane.
- A Funai fez um sobrevoo na área para procurar sinais dos índios isolados e viu que a aldeia e as plantações estavam em boa condição. Mas os temores permanecem elevados, já que ainda não há visualização confirmada dos índios – alerta a Survival International.
A organização tem enviado apelos ao presidente do Peru para evitar novas invasões ao território dos índios isolados e para que sejam adotadas medidas para proteger as tribos. O diretor da Survival, Stephen Corry, classificou o desaparecimento deles como uma “angústia extrema”.
- Parece que medidas estão sendo tomadas pelo Brasil para melhorar a segurança na área, e esperamos que essa parte da Amazônia seja protegida e não se torne um abrigo para os traficantes de drogas. Mas o Peru deve fazer a sua parte também – afirmou Corry.
*Fonte: Blog da Amazônia (Portal Terra)
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