quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Estudantes fazem paralisação no Chile com barricadas e bloqueio de vias


Governo chileno anunciou que invocará lei de segurança do Estado contra os responsáveis pela queima de um ônibus
O primeiro dia da nova paralisação convocada pelo movimento estudantil chileno, que pede por reformas no sistema educacional do país, foi marcado por distúrbios. Testemunhas afirmaram à BBC que a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar a manifestação, enquanto estudantes mascarados lançaram bombas caseiras, montaram barricadas com fogo perto de universidades e queimaram um ônibus.
As manifestações, que tomam as ruas do Chile há cinco meses, são as maiores desde que o país tornou a ser democrático em 1990. O governo prometeu algumas reformas, mas os estudantes alegam que não foram suficientes, então, pediram por uma paralisação de dois dias depois que o diálogo fracassou.

No início do mês, os estudantes romperam o diálogo que mantinham com o governo para solucionar o impasse estudantil no país e acusaram o governo do presidente Sebastián Piñera de ser "intransigente" e não garantir a gratuidade da educação, um dos principais temas debatidos nessas reuniões.
Nesta terça-feira, as vias em torno da Universidade do Chile e da Universidade de Santiago ficaram congestionadas por conta dos protestos. Os manifestantes jogaram bombas de coquetel molotov, enquanto a polícia os dispersava com jatos de água e dava tiros para o ar. Alguns dos estudantes atearam fogo em um ônibus nos arredores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade do Chile. O motorista ficou ferido, mas todos os passageiros saíram ilesos.
O governo chileno anunciou que invocará a lei de segurança do Estado, uma rígida norma usada em casos excepcionais, contra os responsáveis pela queima do ônibus. "O governo resolveu apresentar uma ação criminal pela lei de segurança do Estado contra aqueles que interceptaram um ônibus, aterrorizaram e fizeram os passageiros e o motorista descerem, e depois o incendiaram", disse o ministro do Interior Rodrigo Hinzpeter.
Ao recorrer a essa lei, as penas para os eventuais condenados são maiores na comparação com a legislação comum.
Líderes estudantis estão pedindo por uma reforma no sistema educacional chileno, o qual, segundo eles, é desigual e precisa de investimentos. O sistema é dividido entre escolas públicas e privadas, e críticos têm rotulado essa forma como um "apartheid educacional".
Os manifestantes querem que o governo central tome o controle total da educação e aumente os investimentos em escolas e universidades públicas. Piñera prometeu uma reforma limitada, com um investimento extra de US$ 4 bilhões, mas rejeitou que o governo controle plenamente a educação.
Ainda nesta terça, os dirigentes educacionais entregarão no Palácio La Moneda, sede da Presidência, os resultados finais do Plebiscito Nacional Pela Educação, realizado na quinta-feira e no sábado da semana passada. A consulta contou com a participação de 1,5 milhão de cidadãos, dos quais 88,8 % se mostraram favoráveis ao fim dos lucros com fundos na educação.
As autoridades permitiram para quarta-feira duas das quatro marchas estudantis programadas. De acordo com o porta-voz da Coordenadoria Nacional de Estudantes Secundaristas, Rodrigo Rivera, há um compromisso para que os policiais "não interfiram" no desenvolvimento da mobilização. "De antemão, rechaçamos qualquer ato de violência da parte de qualquer setor que queira se infiltrar nessa marcha e, assim, denegrir a imagem das atividades da grande maioria da sociedade que hoje está apoiando o movimento."
Fonte:  Último Segundo, com informações da AFP, ANSA e BBC
Comentários
0 Comentários

0 comentários: