“De fato, é uma máfia. Os órgãos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e até pessoas ligadas a órgãos ambientais cadastravam famílias que vivem a mais de mil quilômetros de distância da área a ser assentada.
Essas famílias entravam num cadastro e se criava um assentamento no meio de floresta. Sem estrada por perto, sem escola, sem acesso a nenhuma infraestrutura, hospital nem nada. E a maioria dessas famílias sequer sabia que estavam nesse programa de assentamento. Elas eram cadastradas à revelia. Levantamos vários casos desses.
E segundo que elas nunca foram assentadas de fato. Então, utiliza-se a figura do assentamento para disponibilizar aquela área para a exploração madeireira. Em vez de assentados, o que existia lá de fato era a indústria da madeira, que acabavam tendo um título falsificado - assinado pelo presidente da comunidade assentada, por exemplo - ou feitos em nomes de laranjas.
Muitas vezes esse cambalacho feito em nome dos assentamentos servia para escoltar madeiras que eram retiradas de outras regiões.
O esquema era todo falso. Pegavam a documentação de extração de madeira gerada daquela região para esquentar madeiras que eram extraídas de outros locais, viajando como se fosse madeira legal, sendo que o assentamento em si já é absolutamente ilegal e inapropriado”.
Trechos da entrevista de Márcio Astrini, do Greenpeacem à Página do MST sobre os chamados “Assentamentos de Papel” criados na região de Santarém ao final do primeiro mandato do governo Lula e que hoje são apontados como os vilões do desmatamento na Amazônia.
Leia toda a entrevista em Indústria madeireira cria "assentamentos de papel"