segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Políticos, servidores e policiais do Amazonas são denunciados por impedir fiscalização ambiental


Fiscalização visava à proteção de reservas extrativistas em Lábrea (AM)

O Ministério Público Federal denunciou o prefeito de Lábrea (AM), Gean Campos de Barros, os vereadores Antônio Augusto de Almeida, Edvaldo Souza Gomes e Edenir Maia da Silva, o deputado estadual Adjuto Rodrigues (PP), o coronel e o tenente da Polícia Militar do Amazonas, Elielcio George Catete e Márcio José Leite e mais cinco servidores públicos por impedirem que uma equipe de servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizasse fiscalização em duas reservas extrativistas (Resex) no município de Lábrea (AM).

As reservas do rio Ituxi e do rio Médio Purus foram criadas em 2008, o que ocasionou a proibição de extração de madeira e areia por parte de madeireiros e grandes extrativistas da região. Fiscais do ICMBio, instituto responsável pela proteção do local, foram informados por moradores da região que indivíduos estavam invadindo as terras da comunidade para extrair madeira, por determinação do vereador Augusto Moreira de Almeida.

A equipe do ICMBio iniciou fiscalização em Lábrea (AM), em razão dos trabalhos realizados na Operação Matrinxã, que tinha objetivo de vistoriar empreendimentos madeireiros, embarcações pesqueiras, extração ilegal de madeira e outras atividades lesivas nas reservas.

Em março de 2010, os servidores foram chamados à Câmara Legislativa do Estado pelo prefeito e pelo vereador Edvaldo de Souza Gomes para participar de uma reunião, com intuito de esclarecer as atividades de fiscalização no município, entretanto, o convite foi recusado, pois as vistorias ainda estavam em andamento.

De acordo com a denúncia, os políticos locais teriam forjado uma manifestação de populares na praça Coronel Labré em frente à residência de uma das funcionárias e ao hotel onde estavam hospedados dois servidores responsáveis pela fiscalização na cidade, com a finalidade de causar tumulto e paralisar as atividades da equipe do ICMBio. A fraude teria contado com apoio de um radialista que divulgou mensagem em programa de rádio convocando a população a comparecer no suposto local do protesto.

Investigação do MPF apurou que durante a manifestação, o prefeito Gean Campos, o vereador Antônio Augusto Moreira e o radialista Sebastião Braga usaram sistema de som e microfone para incitar a população a impedir os servidores de saírem da casa e do hotel em que se encontravam, sob ameaça de serem linchados. Os denunciados teriam ainda matado um boi e oferecido à população, a fim de manter os populares reunidos na praça.

Além das ameaças feitas pelos políticos locais, a equipe do ICMBio também teria sido alvo de agressões verbais feitas por uma comitiva de autoridades enviadas à cidade, com intuito de intimidar os servidores. Composta pela secretária de estado do meio ambiente do Amazonas, Nádia Cristina D’ávila, pelo deputado estadual Adjunto Rodrigues, por Elielcio George Catete, Márcio José Souza Leite, respectivamente, coronel e tenente da polícia militar do estado e mais três servidores, a comissão teria coagido os fiscais a pararem as inspeções, com o argumento de que isso seria feito pelo Estado do Amazonas.

Testemunhas afirmaram que as autoridades chegaram a ingressar, sem qualquer autorização, no domicílio de uma das fiscais do ICMBio e desferiram xingamentos e insultos contra a servidora.

Em razão do episódio, a fiscalização planejada para março de 2010 e as seguintes não foram realizadas e, até hoje, pelo que consta no inquérito, não se restabeleceu fiscalização do ICMBio em Lábrea.

O MPF pediu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região o recebimento da denúncia e a condenação dos acusados por dificultar a fiscalização ambiental do poder público, violação de domicílio, ameaça, desacato e injúria.

Fonte: Ecodebate
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