quarta-feira, 21 de maio de 2008

Anota aí Ana Júlia!

Este blog já divulgou a notícia que o número de ameaçados de morte no Pará passara de trezentos. Essa notícia causara irritação na governadora Ana Júlia Carepa, que até se recusara a receber um dos três bispos incluídos neste rol, dom José Luiz Azcona, da Diocese da Ilha de Marajó.

No pouco tempo em que estou na região, pude conhecer algumas pessoas que recentemente receberam ameaças, algumas com escolta policial permanente até hoje.

Vou listá-la apenas como amostra. Quem sabe assim a governadora fique sabendo e tome alguma providência além de defender a Vale do Rio Doce e fazer afagos a madeireiros.

1) Valdeci Gomes – liderança comunitária da região do rio Curuá, na Gleba Pacoval, entre Santarém e Prainha, área tomada por madeireiros e grileiros. Denunciou extração e transporte ilegal de madeira, passando a receber ameaças. Teve que sair do seu lugar com toda a sua família. Espera que o Incra mova ação para retirada dos madeireiros do assentamento Curuá.

2) Dadá Borari – liderança indígena e coordenador do Conselho Indigenista Tapajós-Arapiuns. Já foi seqüestrado e espancado por duas vezes. Em dezembro de 2007 ganhou o Prêmio de Direitos Humanos da OAB-PA. Enquanto recebia o prêmio em Belém, sua mãe recebia também ameaças em Santarém. Luta pelo reconhecimento e demarcação de área indígena na Gleba Nova Olinda, tomada por madeireiros e empresários da soja.

3) Ivete Bastos – presidente do STTR de Santarém. Denunciou e enfrentou a grilagem de terras através da expansão da soja na região. Sofreu ameaças públicas. Em 2007 foi considerada pela revista IstoÉ umas das 100 figuras mais influentes do país.

4) Padres Edilberto Sena e José Boeing – em 2006 receberam ameaças pela internet, na comunidade “Fora Greenpeace”. Na comunidade, declararam: “(...) Matem o Edilberto Senna e o Padre Boing pelo bem de Santarém!!!" Sena e Boeing apóiam as manifestações que ocorrem na região contrárias ao modelo de exploração dos "sojeiros”.

5) Ribeirinho do Uruará - no final de 2006 comunitários do rio Uruará, em Prainha, enfrentaram-se com madeireiras e Policiais Militares que faziam escolta de balsas com carregamentos de madeira. A luta desses ribeirinhos pela criação de uma Resex não parou até hoje, mesmo com o engavetamento pela Casa Civil. Enquanto isso, várias lideranças estão sob permanente ameaça.

6) F.E.A.B – Em março de 2007, enquanto o Ministério Público Federal fazia diligências no Incra de Santarém para investigar a criação de ‘assentamentos-fantasmas’ o meu colega F. e sua família recebiam ameaças contra a sua vida por telefone.

7) J.F.L.M – em novembro de 2007 este colono abandonou o assentamento onde morava em Altamira por não concordar com a entrada de uma madeireira em seu lote. Estava na região desde os anos setenta e agora tenta voltar para a Bahia, seu estado de origem.

8) José Roberto Scarpari – Gerente do Ibama em Altamira. A Polícia Federal interceptou ligações de um grupo que pretendia matá-lo em janeiro de 2008 em suas férias em outro estado, numa simulação de assalto. A criação de unidades de conservação na região e combate á madeireiras ilegais podem ser os motivadores para a tentativa do crime.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Anônimo disse...

Explica uma coisa pra mim.
Como pode um cara no sul do Pará dizer em uma semana que estava recebendo ameaças de morte; Morrer na outa semana e a polícia dizer que não tem nenhum suspeito?

Anônimo disse...

Lá perto da moribunda volta grande do Xingú aconteceu a mesma coisa com uma mulher que tentava fazer valer a constituição para pessoas excluídas da capitalliberallândia. Com requintes de crueldade à sua memória.
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Seria trágico se nào fosse uma palhaçada.