quarta-feira, 14 de maio de 2008

Fortaleza vive greves intensas na construção civil e nos transportes



Encerrou-se no último dia 06 de maio a maior greve dos operários da construção civil de Fortaleza nos últimos anos. No auge da paralisação o movimento contou entre 6.000 a 7.000 operários de canteiros de obras paralisados.

As fotos e vídeos que circularam pela internet dão conta que foram duas semanas intensas com atos de ruas que balançaram a cidade. Os empresários tentaram de todas as formas arrefecerem os ânimos da peãozada, lançando panfletos onde se tentava jogar os operários contra a direção do sindicato.

Ao mesmo tempo, os esquemas de repressão armados foram duramente enfrentados pelos trabalhadores que não se intimidaram e destruíram vários canteiros de obras. Até mesmo desarmar policiais sob tiros os trabalhadores da construção civil ousaram fazer.

Foram dias de piquetes, repressão, passeatas realizadas sob um forte sol ou sob a chuva. O ponto de concentração diário era a praça Portugal, zona nobre da cidade, com passeatas pelos bairros mais sofisticados e onde ocorrem a exploração diária deste trabalhadores.

A radicalidade da greve deste ano se manteve até o fim, com mais de 1000 operários presentes na Assembléia Geral que encerrou o movimento. A grande participação mostrou uma incrível disposição numa categoria que não recebe salário pelos dias parados e tem onorários que giram entre 470,00 a 750,00 reais.

Após tensas negociações, a categoria aceitou a proposta de reajuste salarial que varia entre 9,18% a 12,10%, dependendo do ramo de atividade. Avançou-se ainda no aumento no valor dos vales-refeições e o fim dos trabalhos aos sábado, antiga reivindicação.

É preciso parabenizar ainda a direção do Sindicato da Construção Civil de Fortaleza, com seus métodos de mobilização e negociação, com pressão direta e decisões referendadas pela base.



Enquanto a greve na construção civil chegava ao fim, um novo movimento deu-se início. Motoristas, cobradores e fiscais de ônibus iniciaram uma série de paralisações nos principais terminais da cidade.

A greve espontânea parou a malha viária de Fortaleza com trancamento de ruas e passeatas pela cidade. O movimento teve início contra a direção do sindicato, por reajuste salarial e contra a sobrecarga de trabalho.


Não se trata de uma pauta de reivindicação, mas um protesto contra um acordo assinado pela direção do sindicato e empresários dos transportes coletivos, referendado por uma assembléia-fantasma. Pelo acordo a categoria receberia 5% de aumento, podendo chegar a 9%, de acordo com a “produtividade”, índice que já existia e que só legitima as sobrecargas de trabalho, que em muitas empresas ultrapassam as 44 horas semanais.

A radicalidade dos rodoviários teve início no 1º de maio, com fechamento do primeiro terminal de ônibus e uma passeata com mais de 1.200 trabalhadores. Nos dias seguintes, em efeito dominó, todos os terminais de ônibus da cidade foram sentindo os efeitos.

A mídia atacou durante o movimento dos rodoviários. Imagens da população apinhada em trens, vans e carros particulares eram utilziados em meio a textos e falas de abusos, absurdo e desrespeito.

As greves em Forteleza são exemplos didáticos do papel radicalizado das bases. Ao mesmo tempo, levanta a discussão do papel das direções.

Na construção civil, a greve não ocorreu por causa da direção, mas ela foi catalisador fudnamental para declará-la no momento certo e não levar o movimento à derrota. Isso gera confiança junto à base e fora dela, tanto que os grandes meios de comunicação associaram a greve dos rodoviários á direção da construção civil. Por outro lado, um outro debate importante é a questão das centrais sindicais. Tanto na Construçao Civil como na Oposição Rodoviária são setores aglutinados na Conlutas.

Já atual direção do sindicato dos rodoviários, o Sintro-CE, elegeu-se em1999 com a ajuda da CUT e, a partir daí, encastelou-se no poder da entidade. O estatuto do sindicato já foi alterado quatro vezes. Hoje, a direção não tem ligação com nenhuma força política específica e converteu-se numa camarilha cujo único objetivo é se perpetuar no poder. Membros da direção do sindicato são acusados de tentativa de homicídio contra integrantes da oposição. Em 2007, um carro do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, que apoiava a oposição de rodoviários, foi depredado.

As eleições que renovaram o mandato dessa direção, realizadas em 2005, foram anuladas pela Justiça por fraude. Desde então, o caso patina no judiciário. Tanto o sindicato quanto a patronal afirmaram à imprensa que não reconhecem as mobilizações dos motoristas. A categoria percebe que, para ir até o fim em suas reivindicações, devem derrotar essa direção sindical gangsterista.

Com informações do sítio do PSTU, da Conlutas, dos Jornais ‘O Povo’ e ‘Diário do Nordeste’ e do blog Molotov.
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