terça-feira, 13 de maio de 2008

Marina Silva pede demissão: Já vai tarde?

Acabo de receber a notícia pelo colega Marcelo Pedronni do pedido de demissão da Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. Os principais sítios de notícias ainda não dão explicações sobre o pedido, especulando apenas recentes desencontros da ministra com a Casa Civil e as obras do PAC, além do Ministério da Agricultura.

Marina Silva é militante histórica do PT do Acre, ascendendo ao cenário nacional e mundial após a morte de Chico Mendes, convertendo à luta dos seringueiros pelo reconhecimento do território florestal em causa ambiental.

Logo após a eleição de Lula em 2003, o nome de Marina foi anunciado em Washigton em visita de Lula a George Bush. Ao mesmo tempo em que se anunciava Henrique Meireles para o Banco Central. Na ocasião, um banqueiro norte-americano teria declarado sobre o que se deveria esperar do governo: “Não se preocupem, ele [Lula] discursa para eles [trabalhadores], mas governará para nós [banqueiros]”.

De fato, o nome de Marina sempre serviu de verniz à política de Lula a governos e ONGs. Seu nome legitimava e dava contornos “ecológicos” à política econômica de Lula, algo como “é neoliberal na economia, mas no meio ambiente tem a Marina!”. O nome de Marina também era utilizado por correntes petistas para justificar uma suposta disputa no interior do governo, entre setores mais conservadores e outros mais progressistas.

De fato, já no primeiro ano Lula libera o plantio e comercialização de soja transgênica no país, mesmo contra a posição da ministra, avançando em outras liberações nos anos seguintes. Ficaram evidentes ainda atritos em questões como importações de pneus usados e construção de uma nova usina nuclear (Angra III).

Esses atritos, contudo, não retira de Marina a adoção de políticas estritamente neoliberais no campo ambiental. A aprovação da Lei de Florestas Públicas, a divisão do Ibama com a criação do Serviço Florestal Brasileiro e Instituto ‘Chico Mendes’ e o discurso de aproveitamento de áreas degradas na Amazônia para a agricultura intensiva se inserem no campo ora compensatório ora privatista, ainda que com rótulo de “sustentável”.

Ainda assim, sua saída demonstra, mais uma vez ,que nem mesmo esse verniz da “sustentabilidade” o governo Lula manterá nos próximos anos. Sua saída abrirá espaço para um nome que acelere licenciamentos para Plano de Aceleração do Crescimento, hidroelétricas (principalmente na Amazônia) e Planos midiáticos como o recém lançado plantio de 1 bilhão de árvores para “compensar” o desmatamento na Amazônia, reduzindo ao desmatamento a um problema das “árvores”. Aliás, a metamorfose no Plano Amazônia Sustentável parace ter sido a gota d’água para o pedido de demissão.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Anônimo disse...

Ainda estava na faculdade quando a Marina foi nomeada Ministra, ao
contrário da maioria das pessoas eu não recebi com bons olhos. É
inegável que ela é uma mulher digna de admiração e respeito, sua
história de vida é melhor testemunho que eu, mas não acreditava na
sua capacidade técnica.
Assim que tomou posse fez péssimas escolhas para alguns dos cargos
mais importantes da pasta ambiental.
Depois vieram as várias derrotas, citam-se transgênicos,
transposição do São Francisco, a REBIA da Capivara, divisão do
IBAMA, enfim, a Marina se mostrou uma ministra fraca, não por não
ter lutado - excluo São Francisco, e a Divisão do IBAMA, ela
realmente fez muito pouco por essas duas causas. As derrotas da
Marina apenas demonstram como a pasta meio ambiente se tornou no
governo Lula umas das mais, se não a mais fraca de todas.
A verdade é que a Marina nisso tudo não passou de uma presença
figurativa, a licença das Hidrelétricas do Madeira são a maior
expressão disso, não sei vcs sabem, mas por determinação da Casa
Civil o licenciamento das UHE foi aprovado por consultores do MMA,
e não pelo IBAMA como deve ser, e nem poderia não é mesmo, o IBAMA
disse não ao Madeira, exigiu estudos que levariam pelo menos 8 meses
para serem concluídos, e exigiu porque eram necessários.
De fato a Marina pessoalmente nunca foi fraca, a sua pasta que
sempre foi anêmica, a reação do Lula serve como justificativa para
está conclusão. A Marina ainda que nada de bom tenha feito para as
questões ambientais do país, tem prestígio internacional, ela é
responsável pela imagem conservacionista que Brasil tenta pregar no
mundo inteiro, assim como pela falsa sensação que a sociedade
brasileira tem que o tema está sendo levado a sério. Ela ao
contrário do que muitos pensam, foi bastante importante para os
planos governamentais. Sua saída sinaliza para a sociedade
brasileira, que os mais tímidos esforços pró-sustentabilidade
tornaram-se insustentáveis dentro dos escalões e planos do atual
governo.

Estamos diante da impossibilidade de construir uma agenda ambiental
com real compromisso com os princípios de sustentabilidade. Isso se
deve a uma estreita e desnecessária ligação com as premissas do
atual modelo econômico internacional, hoje o Brasil faz questão de
perseguir esse modelo que é contextualizado na exploração de bens
ambientais e sociais, que de forma feroz drena os bens naturais e
desrespeita funções vitais dos ecossistemas. O Brasil está a todo
vapor perseguindo a suicida aceleração do crescimento econômico.

Mas que venha Carlos Minc, um peseudo-ambientalista, ou melhor, um
socialite do ambientalismo. Estamos sofrendo mesmo da síndrome do
transtorno desenvolvimentista.

PS: Ela bem que poderia ter tomado está decisão na época da divisão
do IBAMA, ficaria muito menos feio p ela e talvez pudesse pelo menos
ruborizar a cara do governo.

MARISCO disse...

Guerreira Marina Silva. Já se foi tarde do governo. Melhor para ela. Otário é quem imagina que ela saiu derrotada.