segunda-feira, 26 de maio de 2008

Stédile escreve sobre a Amazônia na 'Caros Amigos' desse mês.

Sou assinante da revista Caros Amigos há pouco mais de um ano e este mês tive duas surpresas. A primeira delas foi o envio (acredito que por engano) de três revistas da mesma edição lá para minha casa. A segunda foi a coluna do João Pedro Stédile sobre a Amazônia, com um artigo muito interessante sobre o que se passa na região chamado “Amazônia: reajam ou esqueçam-na”.

Parece que uma das principais lideranças do MST e o movimento como um todo atentaram para as graves investidas que o grande capital via governo Lula e congresso vem fazendo na região. E já não era sem tempo!

Em setembro de 2006, quando na companhia de dois colegas interpolamos Stédile em Brasília para a vinda imediata do MST para o Oeste do Pará pois se fazia necessário movimentos organizados para se contrapor a todas essas investidas, o dirigente alegou que era “muito longe” e que meu amigo se preocupasse mais em “ir pescar no rio Tapajós!”

Segue trecho do artigo:

(...)
A mãe de todas as ofensivas

Sacanagem da imprensa à parte, o território da Amazônia vem sofrendo a maior ofensiva em toda sua história: a espoliação pelo capital internacional. Essa ofensiva vem sendo articulada pelas grandes empresas que querem explorar madeira, minérios (bauxita, ferro, urânio), gás, água, energia e biodiversidade lá existente. E levar tudo para o exterior. Estão aliados com fazendeiros e oligarcas locais, mercenários, que se contentam com as migalhas. Que farão o jogo sujo de limpar o terreno das comunidades nativas.
Acobertados por mudanças legislativas em curso, a cargo de seus subalternos congressistas. E, o que é pior, ajudados até por medidas do governo federal.
Vejam as últimas medidas: o presidente Lula assinou a Medida Provisória 422, que permite a legalização de todas as terras públicas griladas pelos fazendeiros até 1.500 hectares. A Constituição determinava esse limite em 100 hectares. Assim, os grileiros roubam madeira e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) ainda vai lá dar o título. O Incra revogou uma portaria que regularizava os procedimentos para legalizar as áreas pertencentes às comunidades quilombolas. Mais de 50% de todas as áreas quilombolas estão no Pará. Sua legalização representa uma proteção, pois pela Constituição são indivisíveis e não podem ser privatizadas. Agora, as comunidades quilombolas não têm mais nem a quem recorrer para legalizar suas posses.

(...)”

Fonte: Caros Amigos, Edição 134 – Maio de 2008.
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