quarta-feira, 14 de maio de 2008

Violência cá: Professores estaduais do Pará são reprimidos pela polícia

Como já foi noticiado nesse blog os professores estaduais do Pará estão em greve desde o dia 24 de abril. Na última sexta-feira, dia 9 de maio, cerca de mil professores de vários municípios realizaram um grande ato em Belém (PA), como parte das manifestações da greve.

Em frente ao palácio de governo, os professores fecharam as duas pistas da avenida e montaram um comando, para tentar uma nociação com a governadora. O governo acionou a policia de choque que tentou retirar o carro de som do meio da rua, mas os educadores pacificamente garantiram sua permanência e a comissão conseguiu ser recebida. O governo se mostrou intransigente não se propondo a negociar e disse que havia nada a apresentar. Sem avanço a comissão foi convidada a se retirar e foi advertida que teriam cinco minutos para desobstruir a pista.

Sem tempo sequer para a comissão repassar os informes de como foi a conversa, a tropa de choque avançou sobre a multidão. A primeira reação dos manifestantes foi de sentar-se. Porém, com truculência os policiais continuaram avançando, com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. As pessoas foram forçadas a correr e, assustadas, várias senhoras caíram pelo chão. Dezenas de pessoas foram atingidas pelas balas, uma das bombas caiu no pátio de uma casa e vários moradores das redondezas foram atingidos. Muitas crianças passaram mal, após inalar o gás.

Os professores ainda resisitiram por vários quarteirões, com formação de barricadas, e tiveram ajuda de moradares na queima de pneus e até no arraste de um poste de cimento para o meio da rua. As cenas foram amplamente divulgadas nos meios de comunicação do estado.

O saldo final foi de um estudante e cinco professores presos, dezenas de manifestantes e moradores feridos, seja com escoriações ou atingidos por balas de borracha. Além disso, centenas de pessoas passaram mal pela inalação de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

O ato de truculência da governadora Ana Júlia revoltou a categoria, com o crescimento da greve em vários municípios do interior e em escolas de Belém que ainda não haviam entrando no movimento.

Mas a truculência física do governo logo chegou às esferas administrativas e judicial. Após a repressão, o Chefe da Casa Civil, Cláudio Put em entrevista aos meios de comunicação locais defendeu a ação da polícia e ainda declarou que a presença da polícia se faz necessário em atos para “identificação de líderes”. A atuação da recém-criada tropa de choque especial – a ROTAM, assemelha-se a uma polícia-política, com atuações de repressão contra outras categorias nesse ano.

Ana Júlia também agindo através da Justiça para tentar desmontar a greve, e em uma atitude sem precedentes, pediu a abusividade da paralisação com multa diária de R$ 100 mil contra o Sindicato da categoria, o SINTEPP, além de anunciar o desconto em folha dias parados.

O Juiz da 1ª Vara da Fazenda, José Torquatro Araújo, decidiu: - determinar que o Sintepp suspenda a greve dos trabalhadores(as) em educação do Estado. Caso não acate a decisão, incorrerá multa diária de R$ 10.000 (dez mil reais), além de autorizar o desconto dos dias parados dos servidores que permanecerem em greve.

Para dar resposta no campo jurídico o SINTEPP irá protocolar o recurso no TJE/PA, contra essa decisão, a qual considera completamente injusta e contraditória, tanto quanto a iniciativa da governadora propor essa ação. Ao mesmo tempo realizou Assembléias Gerais pelo dia de hoje por todo o estado para definir os rumos do movimento, reafirmando a continuidade da greve que parou 96% das escolas de Belém e Zona Metropolitana e se estende por 70 municípios do estado.

Fontes: Conlutas, SINTEPP, O Liberal.
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