quarta-feira, 14 de maio de 2008

Violência lá: Brigada Militar reprime MST no Rio Grande do Sul

No dia 8 de maio, mais de 800 membros da Brigada Militar invadiram o pré-assentamento São Paulo II, do MST, em São Gabriel, no Sudoeste do Rio Grande do Sul, onde estão acampados 800 adultos e 200 crianças.

Para cumprir mandato de busca e apreensão, pedido pela própria Brigada Militar, que estaria à procura de armas e de objetos que supostamente teriam sido furtados da sede da Fazenda Southall, ocupada pelo MST durante o “Abril Vermelho”.

Desde que assumiu o governo do estado em 2007, a governadora Yeda Crusis (PSDB) tem buscado a criminalização da luta pela terra no estado, com o envio da brigada militar para acampamentos e assentamentos ligados ao MST.

A seguir, matéria vinculada no Brasil de Fato desta semana:

Brigada Militar oprime famílias sem terra no RS

"Fizeram processo de revista, humilharam todos. Separaram homens, mulheres e adolescentes, cortaram todos os barracos, jogaram nossa comida fora, botaram terra dentro das nossas coisas, misturaram tudo", diz a integrante do MST Luciana da Rosa, do acampamento em São Gabriel; área já está negociada com o Incra para virar acampamento

Nesta quinta-feira (08), cerca de 750 policiais da Brigada Militar entraram no acampamento do Movimento Sem Terra (MST) na Fazenda São Paulo II, no município de São Gabriel. Os policiais cumpriam um mandado de busca e apreensão pedido pela própria Brigada Militar e concedido pelo Juizado do município.

De acordo com o subcomandante, Coronel Paulo Mendes, o mandado foi solicitado à polícia pela comunidade, que se sentia insegura com a presença do MST na região. Emissoras de rádio de São Gabriel noticiavam durante o dia que os fazendeiros haviam pedido a revista dos sem-terra. "Eu estou preocupado com a população ordeira aqui, que se sente ameaçada pelo MST. Foi através da população aqui, que nós pedimos o mandado e estamos executando, essa é a maior preocupação da Brigada", diz.

A ação dos policiais iniciou por volta das 9 horas da manhã. No entanto, a Brigada Militar estava cercando o local desde às 6 horas. Na revista policial, foram apreendidos foices, facões, facas de cozinha e artefatos caseiros. A integrante do MST, Luciana da Rosa, conta que as famílias foram humilhadas pelos policiais.

"Foram cercando até renderem todas as famílias, onde fizeram processo de revista, de identificação, de humilhação de todos, separaram homens, mulheres e adolescentes, e fizeram a revista em todo o acampamento, cortaram todos os barracos, jogaram nossa comida fora, botaram terra dentro das nossas coisas, misturaram tudo", diz.

O Coronel Mendes afirmou que a advogada do MST, Cláudia Ávila, esteve presente desde o início da ação policial. No entanto, integrantes do movimento afirmam que a advogada não pôde falar com as famílias do acampamento e ficou afastada no momento em que as famílias eram revistadas.

Reforma agrária

Luciana questiona a ação policial, uma vez que a área em São Gabriel já foi negociada pelo Incra para assentamento da reforma agrária. Ela afirma que não existe nada para ser apreendido no acampamento, a não ser as ferramentas do agricultor que vive no campo. Para Luciana, os ruralistas da região não aceitam que o MST tenha ocupado um grande latifúndio de mais de 13 mil hectares que não produz e que está endividado.

"O MST entrou em São Gabriel para ficar, dessa vez, tanto que uma área já está conquistada e já é um assentamento da reforma agrária. Nós não vamos sair daqui. Dessa vez, viemos pra ficar e os grandes latifúndios de São Gabriel vão virar grandes assentamentos da reforma agrária para produzir e não disputar com a celulose a terra e não entregar para os estrangeiros a terra brasileira", explica.

Em protesto à repressão policial na Fazenda São Paulo II, o MST bloqueou 13 rodovias durante toda a quinta-feira, nas localidades de Piratini, Nova Santa Rita, Santana do Livramento, São Luiz Gonzaga, Arroio Grande, Julio de Castilhos, Lagoa Vermelha, Charqueadas, Hulha Negra, Pontão, Gramado dos Loureiros, Encruzilhada do Sul e Viamão.

Fontes: Mateus Silveira Flores, de Porto Alegre e Jornal Brasil de Fato
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