Até agora, a turma que aposta na
impunidade está ganhando. Depois de denunciar a farra do ipê no oeste do Pará,
Junior José Guerra continua sem proteção. O assassinato de João Chupel Primo
segue impune. E o governo federal tampouco fez qualquer ação efetiva de
ocupação pelo Estado daquele pedaço do país dominado por quadrilhas de
madeireiros. Em entrevista, o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, dá uma aula
sobre as relações entre o órgão de proteção e o grileiro Sílvio Torquato
Junqueira, que controla cerca de 80 mil hectares dentro da Floresta Nacional do
Trairão
Na
coluna anterior, a reportagem “A Amazônia
segundo um morto e um fugitivo” detalhava uma operação de roubo de
madeira de dentro de unidades de conservação do oeste do Pará por quadrilhas do
crime organizado. Toda essa madeira – mais de 90% dela ipê – passa por uma
única rua de um assentamento agrário do INCRA. Os conflitos em torno dessas
transações criminosas já produziram pelo menos 15 cadáveres nos últimos dois
anos. João Chupel Primo e Junior José Guerra, as duas pessoas que denunciaram a
operação – em detalhes, com nomes, locais e funcionamento – estão na seguinte
situação: João virou cadáver e Junior foge com a família, sem proteção do
Estado.
Isso
não é um escândalo?