Em relação
a 2011, houve um crescimento de 24% nos assassinatos, de 51% nas tentativas de
assassinato e de 11,2% no número de trabalhadores presos
Tatiana Félix*
Na
última segunda-feira (22), quando se celebrou o Dia da Terra, a Comissão
Pastoral da Terra (CPT) lançou mais uma edição do relatório "Conflitos no
Campo Brasil 2012". Assim como faz todos os anos, a CPT mapeou os
conflitos por terra, despejos, briga por reintegração de posse, violações de
direitos sofridas por povos e comunidades tradicionais em áreas visadas para
execução de grandes obras e por trabalhadores/as da terra, e constatou um
aumento geral da violência no campo no Brasil.
De acordo
com o relatório, houve um crescimento de 24% nos assassinatos em relação a 2011
(de 29 para 36), de 51% nas tentativas de assassinato (de 38 para 77) e de 11,2%
no número de trabalhadores presos (de 89 para 99). Rondônia foi o estado em que
mais se assassinou pessoas devido a disputas por terra com oito casos. Em
seguida, vem o Pará (6) e em terceiro lugar o Rio de Janeiro (4).
O
documento também registrou a ocorrência geral de mais de 1.364 casos de disputa
por terra, conflito trabalhista, água e outros conflitos. A maioria absoluta
destes casos - 1067 - está relacionada com conflitos por terra.
Também
é a região amazônica a que concentra a maior parte dos conflitos por terra: 489
dos 1067 conflitos no campo aconteceram lá, assim como 58,3% dos assassinatos,
84,4% das tentativas de assassinatos, 77,4% das ameaças de morte, 62,6% de
presos por conflitos e 63,6% de agressões. Em contrapartida, nas regiões Nordeste
e Centro-Oeste houve crescimento no número de despejos relacionados com
ocupações feitas por movimentos sociais.
Os
dados demonstram ainda que 15% dos conflitos envolvem populações indígenas, 12%
quilombolas; 9% outras comunidades tradicionais. Segundo o documento, os
indígenas e camponeses contam apenas com a força de sua resistência e o apoio
de seus aliados. Por outro lado, os interesses do capital "são defendidos,
estimulados e financiados pelos poderes públicos, e são enaltecidos pela grande
mídia”.
De
acordo com o relatório, o aumento dos conflitos está relacionado com a expansão
do ‘neocolonialismo’ embutido nos discursos de defesa do meio ambiente. "O
capital avança implacavelmente sobre novas fronteiras naturais e sobre os
territórios indígenas, quilombolas e de outras comunidades tradicionais,
buscando transformar tudo – terra, florestas, águas, o ar e até a vida humana -
em mercadorias, subordinadas às leis do mercado. Desta forma destruição e
conservação do meio ambiente se convertem em ‘oportunidades de negócios’”,
analisa o professor Elder Andrade de Paula.
No
documento, o professor Rodrigo Salles afirma que a mineração tem se sobressaído
de outras atividades, tendo privilégios que "vem transformando a indústria
extrativa mineral no Brasil em uma devoradora de terras".
*Fonte:
Adital