quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Duas boas análises sobre os novos movimentos que surgem contra a crise


Enquanto alguns se animam mais do que devem com as manifestações acreditando que ali já emerge um questionamento societário de carácter socialista, o que de facto não é, outros procuram se acalmar, como [Richard] Locke, acreditando que não passa de uma "manifestação difusa" de descontentamento.

Quando os trabalhadores de Paris em 1871 tomaram a cidade não o fizeram para iniciar a transição socialista ou inventar a nova forma do Estado que nos levaria ao comunismo, da mesma forma as mulheres e os operários russos que marcharam na greve geral de Fevereiro de 1917 foram certamente movidos por uma grande insatisfação com as condições económicas e, principalmente, com os efeitos da Guerra. Se o senhor Richard Locke estivesse por lá com seus incríveis cabedais científicos do MIT diagnosticaria que não traziam a intenção definida de uma acção extremista contra o sistema vigente e almejavam apenas um sistema menos ganancioso e corrupto, ou mais precisamente, um sistema que não os deixasse tão infelizes.



Reconhecemos desde já que os novos movimentos são heterogêneos internamente e diferentes entre si. Não há uma característica universal aplicável a todos eles em todas as situações. O que vale para um, pode não valer para outro etc. A análise, portante, requer certo grau de abstração, de generalização, mas não é por isso menos válida ou necessária. A dialética nos ensina: dizer que as partes são diferentes entre si, não significa negar a existência do todo.

A caracterização social desses movimentos é que são movimentos juvenis-populares sem um claro caráter de classe. A classe trabalhadora ainda representa uma pequena minoria nessas manifestações. A exceção, está claro, é a Grécia, onde as lutas tem o conteúdo e os métodos tradicionais da classe trabalhadora: a mobilização de massas e a greve geral.

Leia tudo:  Os socialistas e os novos movimentos (Henrique Canary)
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