Enquanto alguns se animam mais do que devem com as manifestações
acreditando que ali já emerge um questionamento societário de carácter
socialista, o que de facto não é, outros procuram se acalmar, como [Richard] Locke,
acreditando que não passa de uma "manifestação difusa" de
descontentamento.
Quando os trabalhadores de Paris em 1871 tomaram a cidade não o
fizeram para iniciar a transição socialista ou inventar a nova forma do Estado
que nos levaria ao comunismo, da mesma forma as mulheres e os operários russos
que marcharam na greve geral de Fevereiro de 1917 foram certamente movidos por
uma grande insatisfação com as condições económicas e, principalmente, com os
efeitos da Guerra. Se o senhor Richard Locke estivesse por lá com seus
incríveis cabedais científicos do MIT diagnosticaria que não traziam a intenção
definida de uma acção extremista contra o sistema vigente e almejavam apenas um
sistema menos ganancioso e corrupto, ou mais precisamente, um sistema que não
os deixasse tão infelizes.
Reconhecemos desde já que
os novos movimentos são heterogêneos internamente e diferentes entre si. Não há
uma característica universal aplicável a todos eles em todas as situações. O
que vale para um, pode não valer para outro etc. A análise, portante, requer
certo grau de abstração, de generalização, mas não é por isso menos válida ou
necessária. A dialética nos ensina: dizer que as partes são diferentes entre
si, não significa negar a existência do todo.
A caracterização social desses movimentos é que são movimentos juvenis-populares sem um claro caráter de classe. A classe trabalhadora ainda representa uma pequena minoria nessas manifestações. A exceção, está claro, é a Grécia, onde as lutas tem o conteúdo e os métodos tradicionais da classe trabalhadora: a mobilização de massas e a greve geral.
A caracterização social desses movimentos é que são movimentos juvenis-populares sem um claro caráter de classe. A classe trabalhadora ainda representa uma pequena minoria nessas manifestações. A exceção, está claro, é a Grécia, onde as lutas tem o conteúdo e os métodos tradicionais da classe trabalhadora: a mobilização de massas e a greve geral.
Leia tudo: Os socialistas e os novos movimentos
(Henrique Canary)