Foto: Survival |
No
início da manhã desta sexta-feira (18 de novembro), por volta das 6h30, a
comunidade Kaiowá Guarani do acampamento Tekoha Guaiviry, município de Amambaí,
Mato Grosso do Sul, sofreu ataque de 40 pistoleiros fortemente armados.
O
cacique Nísio Gomes (foto), 59 anos foi executado com vários tiros. Depois de
morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros– prática vista em
outros massacres cometidos contra os Kaiowá Guarani no Mato Grosso do Sul,
informa o Conselho Indigenista Missionário – CIMI.
As
informações são preliminares e transmitidas por integrantes da comunidade – em
estado de choque. Devido ao nervosismo, não se sabe se além de Nísio outros
indígenas foram mortos. Os relatos dão conta de que os pistoleiros sequestraram
mais dois jovens e uma criança; por outro lado, apontam também para o
assassinato de uma mulher e uma criança.
“Estavam
todos de máscaras, com jaquetas escuras. Chegaram ao acampamento e pediram para
todos irem para o chão. Portavam armas calibre 12” , disse um indígena da
comunidade que presenciou o ataque e terá sua identidade preservada por motivos
de segurança.
Conforme
relato do indígena, o cacique foi executado com tiros na cabeça, no peito, nos
braços e nas pernas. “Chegaram para matar nosso cacique”, afirmou. O filho de
Nísio tentou impedir o assassinato do pai, segundo o indígena, e se atirou
sobre um dos pistoleiros. Bateram no rapaz, mas ele não desistiu. Só o pararam
com um tiro de borracha no peito.
Na
frente do filho, executaram o pai. Cerca de dez indígenas permaneceram no
acampamento. O restante fugiu para o mato e só se sabe de um rapaz ferido pelos
tiros de borracha – disparados contra quem resistiu e contra quem estava
atirado ao chão por ordem dos pistoleiros. Este não é o primeiro ataque sofrido
pela comunidade, composta por cerca de 60 Kaiowá Guarani.
Decisão
é de permanecer
Desde
o dia 1º deste mês os indígenas ocupam um pedaço de terra entre as fazendas
Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em Território Indígena
de ocupação tradicional dos Kaiowá.
A
ação dos pistoleiros foi respaldada por cerca de uma dezena de
caminhonetes – marcas Hilux e S-10 nas cores preta, vermelha e verde. Na caçamba
de uma delas o corpo do cacique Nísio foi levado, bem como os outros sequestrados,
estejam mortos ou vivos, conforme relatos.
Foto: CIMI |
“O
povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair
do nosso tekoha”, afirmou o indígena. Ele disse ainda que a comunidade deseja
enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a vida inteira. “Ele
está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros na cabeça e por todo
o corpo”, lamentou.
A
comunidade vivia na beira de uma Rodovia Estadual antes da ocupação do pedaço
de terra no tekoha Kaiowá. O acampamento atacado fica na estrada entre os
municípios de Amambaí e Ponta Porã, perto da fronteira entre Brasil e Paraguai.
Mais
informações aqui (CIMI)