Carta aberta à população brasileira
Hoje,
quando a nossa categoria está em greve em todo o Maranhão, está chegando a São
Luís grupos de quilombolas e de lavradores sem terra. Eles, que após sucessivos
acampamentos, vem novamente à nossa capital, desta vez para tratar com o
presidente nacional do INCRA.
Sabemos
que, historicamente, a relação entre a Polícia Militar e as organizações populares
em nosso país não é boa. Porém, neste momento importante da história, onde
lutamos por dignidade e melhores condições de trabalho, achamos oportuno falar
desta outra luta, travada pelos homens e mulheres do campo. Primeiro, temos que
lamentar pela violência, oriunda dos conflitos de terra. Infelizmente ela
acontece e nós, ao longo do tempo, tivemos nossa parcela de responsabilidade
neste problema. Admitimos os nossos excessos e, agora, pedimos desculpas por
eles.
Por
outro lado, agora, quando grande parte da sociedade maranhense está sendo
solidária conosco, queremos também deixar clara a nossa solidariedade com a
luta dos quilombolas, dos índios, dos sem terra! Somos o mesmo povo, vítimas da
mesma opressão, da mesma exploração que se alastras pelos quatro cantos do
Maranhão!
É importante, antes de tudo,
reconhecer que nós somos todos irmãos!
Hoje,
nós estamos acampados na Assembléia Legislativa, querendo condições de trabalho
para sustentar nossas famílias, enquanto eles querendo a terra, também para
comer e sustentar os seus filhos. É nosso desejo que - nesta circunstância
absolutamente atípica - se possa tentar inaugurar um novo momento entre os
servidores públicos militares do Maranhão e as organizações sociais do campo e
da cidade.
Achamos
importante dar este exemplo para o Brasil, mostrando o verdadeiro valor
do nosso povo, a grandeza da nossa gente e gritando bem alto que hoje, no
Maranhão, não se consente mais esperar!
São Luís, 29
de novembro de 2011
Associação dos Servidores Públicos Militares do
Maranhã