"Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu
não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com
isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis, mas não me
importei com isso. Porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns
desempregados. Mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão
me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém. Ninguém se
importa comigo."
Santarém, 05 de novembro de 2011. A Universidade Federal do Oeste Pará – UFOPA completou dois anos. A primeira instituição federal de ensino superior criada no interior da Amazônia desde seu nascimento mostrou uma indubitável “vocação” para atendimento dos grandes projetos que se expandem na região. Majoritariamente, mas não sem resistências e exceções, a formação, a pesquisa e o fazer universitário voltaram-se para a iniciativa privada e a formação de mão-de-obra semi-especializada, para atuar marginalmente nestes grandes projetos, seja na sua execução, seja como profissionais que atuarão nas medidas mitigatórias e/ou compensatórias. O sonho de parte da juventude amazônica reverte-se na promoção metabólica do capital.
Neste cenário, a nomeação de um reitor temporário pelo Ministério da Educação, a ausência de conselhos deliberativos democráticos, a imposição de um modelo político-pedagógico, o total improviso nas condições de funcionamento, administração e trabalho; etc.; concatena esta “vocação” com uma gestão preocupada em assegurar seus próprios interesses na partilha público-privada; transformando e desfigurando o espaço da diversidade de conhecimentos e idéias, num fazer acadêmico operacional via convênios, projetos e termos de cooperações com corporações privadas de vários matizes e tamanhos.
Leia toda a nota do PSTU/Santarém no blog Outra Frequência.