Júnia
Gama*
O Palácio
do Planalto mandou ontem um recado ao Congresso para que não seja aprovado nenhum aumento salarial aos
servidores neste ano. A presidente Dilma Rousseff usou a crise econômica
internacional para sensibilizar os líderes da base parlamentar do governo, que
se reuniram ontem no Planalto, a não ceder às pressões das categorias que atuam
fortemente para conseguir turbinar suas folhas de pagamento. Somente o aumento
requisitado pelo Judiciário implicaria gasto de R$ 7 bilhões anuais.
Apesar de
o relator do Orçamento, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ter encontrado R$ 26,5
bilhões extras na previsão de receitas para 2012, Dilma determinou que os
recursos disponíveis sejam concentrados em investimentos que, segundo ela,
serviriam como antídoto para a crise. O alerta veio dias após a reunião do G-20
— grupo das maiores economias mundiais — em Cannes, na França, em que a crise
mundial foi amplamente discutida.
Segundo o
porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, Dilma afirmou que, apesar do “relativo
sucesso” do encontro, foi possível “ter uma noção mais detalhada dos
desdobramentos da crise européia e perceber que o cenário de situação ainda não
resolvida vai durar algum tempo”.
A
presidente destacou a importância de o Brasil manter o controle das despesas e
aumentar os investimentos. No programa da rádio “Café com a Presidenta”, Dilma
reforçou a tese: “Todos (os líderes do G-20) concordaram que essa crise não
pode ser tratada com mais recessão, porque aí o mundo entra em uma crise sem
fim. O grande desafio é o caminho para
retomar o crescimento: o caminho do investimento, do consumo e da geração de
empregos”, disse.
*Fonte:
Correio Brasiliense, 08/11/2011.