Andrei
Netto*
Na sexta-feira, em meio ao debate político na Itália sobre a
sucessão de Silvio Berlusconi,Herman Van Rompuy, presidente do Conselho
Europeu, disparou contra os pedidos de antecipação do sufrágio de 2013 em Roma:
"O país precisa de reformas, não de eleições".
Enquanto a Primavera Árabe derruba ou ameaça ditadores no norte da África e no Oriente Médio, um inédito Outono Europeu derruba em sequência líderes políticos. Depois de George Papandreou e Silvio Berlusconi, a próxima vítima da degola éJosé Luiz Rodríguez Zapatero.
No poder há sete anos, Zapatero e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) enfrentam eleições gerais na Espanha já preparados para o pior: deixar o Palácio Moncloa, sede do poder de Madri, expulsos pela impopularidade causada pela austeridade extrema, a recessão crônica e uma taxa de desemprego digna de guerra, a maior da Europa Ocidental no momento: 21,5%.
Pesquisas de opinião divulgadas nesta semana anunciam uma ampla vitória do Partido Popular (PP), de centro-direita, e de seu líder, Mariano Rajoy. Segundo as sondagens da semana, Rajoy tem cerca de 46% dos votos e deve somar 195 deputados, de um total 350. Seu oponente, Alfredo Perez Rubalcaba, ex-ministro do Interior de Zapatero, agregaria 30% dos votos e uma bancada de 121 deputados. Em Madri, ninguém tem dúvidas sobre a razão da surra: Zapatero é visto como o vilão, o líder fraco que afundou a Espanha na austeridade e na recessão.
Na luta desesperada para evitar a fúria dos mercados, Zapatero multiplicou os cortes nos investimentos e na máquina pública, acentuando a desaceleração. No apanhado dos últimos quatro trimestres, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,8%, porcentual inferior às previsões oficiais - de 1,3% - e, sobretudo, insuficiente para reverter a tendência do desemprego. No terceiro trimestre, a geração de riquezas foi de 0,2%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), provocando queda de arrecadação e a incapacidade de reduzir o déficit público a 6%, como prometido.
Ao derrubar Zapatero, a crise na Europa fará sua oitava vítima desde novembro de 2008. Antes dele, caíram Geir Haarde, na Islândia; Gordon Brown, no Reino Unido;Brian Cowen, na Irlanda; José Sócrates, em Portugal; Iveta Radicova, na Eslováquia; George Papandreou, na Grécia; e Silvio Berlusconi, na Itália. Todos sofreram pressões simultâneas da opinião pública e dos mercados financeiros por não terem sido capazes de evitar o contágio pela turbulência. Para Philippe Dessertine, professor de economia do Institut de Haute Finance, da França, não adianta culpar as bolsas de valores. "Não são os mercados que ganham influência. O problema é que nós não respondemos a eles."
Enquanto a Primavera Árabe derruba ou ameaça ditadores no norte da África e no Oriente Médio, um inédito Outono Europeu derruba em sequência líderes políticos. Depois de George Papandreou e Silvio Berlusconi, a próxima vítima da degola éJosé Luiz Rodríguez Zapatero.
No poder há sete anos, Zapatero e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) enfrentam eleições gerais na Espanha já preparados para o pior: deixar o Palácio Moncloa, sede do poder de Madri, expulsos pela impopularidade causada pela austeridade extrema, a recessão crônica e uma taxa de desemprego digna de guerra, a maior da Europa Ocidental no momento: 21,5%.
Pesquisas de opinião divulgadas nesta semana anunciam uma ampla vitória do Partido Popular (PP), de centro-direita, e de seu líder, Mariano Rajoy. Segundo as sondagens da semana, Rajoy tem cerca de 46% dos votos e deve somar 195 deputados, de um total 350. Seu oponente, Alfredo Perez Rubalcaba, ex-ministro do Interior de Zapatero, agregaria 30% dos votos e uma bancada de 121 deputados. Em Madri, ninguém tem dúvidas sobre a razão da surra: Zapatero é visto como o vilão, o líder fraco que afundou a Espanha na austeridade e na recessão.
Na luta desesperada para evitar a fúria dos mercados, Zapatero multiplicou os cortes nos investimentos e na máquina pública, acentuando a desaceleração. No apanhado dos últimos quatro trimestres, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,8%, porcentual inferior às previsões oficiais - de 1,3% - e, sobretudo, insuficiente para reverter a tendência do desemprego. No terceiro trimestre, a geração de riquezas foi de 0,2%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), provocando queda de arrecadação e a incapacidade de reduzir o déficit público a 6%, como prometido.
Ao derrubar Zapatero, a crise na Europa fará sua oitava vítima desde novembro de 2008. Antes dele, caíram Geir Haarde, na Islândia; Gordon Brown, no Reino Unido;Brian Cowen, na Irlanda; José Sócrates, em Portugal; Iveta Radicova, na Eslováquia; George Papandreou, na Grécia; e Silvio Berlusconi, na Itália. Todos sofreram pressões simultâneas da opinião pública e dos mercados financeiros por não terem sido capazes de evitar o contágio pela turbulência. Para Philippe Dessertine, professor de economia do Institut de Haute Finance, da França, não adianta culpar as bolsas de valores. "Não são os mercados que ganham influência. O problema é que nós não respondemos a eles."
*Fonte: O Estado de S. Paulo