quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Carta expõe saída de 51 militantes do MST e movimentos próximos


Uma carta assinada por 51 militantes de vários estados (RS, SP, RJ, SC, CE, AL, DF) ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros movimentos sociais com mesma plataforma política (Movimento Consulta Popular, Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados e Movimento dos Pequenos Agricultores) está circulando na internet e gerando forte repercussão.

A ruptura, que provavelmente não seja a maior da história destas organizações, inova pelo método da carta pública, não muito usual em grupos com as matizes políticas como o MST, onde as depurações, expulsões e rompimentos se dão quase que nos bastidores, muitas vezes sem participação dos próprios envolvidos. Aliás, esta observação é a mensagem final do texto: “É importante ressaltar que alguns dos que assinam este documento já se afastaram ou foram expulsos das organizações que faziam parte em 2009 e 2010 sem poderem expor seus motivos, o fazem agora nesta carta”.

O documento faz uma dura crítica às entidades de trabalhadores que teriam um papel de contenção dos trabalhadores dentro do “pacto de colaboração de classes” dentro no novo momento histórico que são os governos petistas.  “São tempos de aparente melhoria das condições de vida da classe trabalhadora no Brasil, pelo menos até a próxima crise. Mas será que está tudo tão bem assim? O resultado do desenvolvimento e crescimento econômico dos últimos anos são migalhas para os trabalhadores e lucros gigantescos para o capital: aumenta a concentração da terra, os trabalhadores se endividam, intensifica-se a precarização do trabalho e a flexibilização de direitos, garantidos pela violência do aparelho repressivo do Estado”, diz um dos primeiros parágrafos da carta.

Para os militantes, além das entidades com as quais rompem, a CUT e o PT, estão dependentes do capital e do Estado. “As lutas de enfrentamento passaram a ameaçar as alianças políticas do pacto de classes, necessárias para manter os grandes aparelhos que conquistamos e construímos. O que em algum momento nos permitiu resistir e crescer, se desenvolveu de tal maneira que se descolou da necessidade das famílias e da luta, adquirindo vida própria. O que viabilizou a luta hoje se vê ameaçado por ela: o que antes impulsionava a luta passa a contê-la.”

O abandono do socialismo e a perda do caráter militante das organizações são as duas críticas mais duras do texto. “Ao abandonar as lutas de enfrentamento, embora sigamos fazendo mobilizações, nossas lutas passaram a servir para movimentar a massa dentro dos limites da ordem e para ampliar projetos assistencialistas dos governos, legitimando-os e fortalecendo-os. Agora o que as organizações necessitam é de administradores, técnicos e burocratas; e não de militantes que exponham as contradições e impulsionem a luta.”

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